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Exaltação e nostalgia inundam coração da Invicta em dia de Cortejo

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Depois da Monumental Serenata e da Missa da Bênção das Pastas terem sido molhadas, o momento mais esperado da semana, o Cortejo Académico, foi irradiado por um sol caloroso que convidou a brindes. Entre lágrimas – de alegria para quem ainda tem caminho para percorrer na Academia e de nostalgia para quem vai trilhar outros destinos –, milhares de estudantes da cidade pintaram as ruas da Baixa, enquanto encerram com euforia mais um capítulo das suas vidas.

Para uns é o último adeus, para outros é só um "até já". Seja como for, para todos a hora de passar a tribuna é aguardada com ansiedade, após uma longa caminhada debaixo do tórrido sol. Enquanto não chega o momento final, os estudantes celebram o fim de mais um ano letivo em cima dos 43 carros alegóricos das respetivas instituições de ensino – adornadas com pinturas e frases alusivas aos principais problemas que os atingem, como é o caso da falta de habitação estudantil e os baixos salários que vão encontrar no mercado de trabalho –, regam-se com álcool e firmam amizades para a vida com abraços sentidos.

"É um misto de emoções. É sentir a despedida da vida académica, mas, acima de tudo, levo um coração cheio de memórias e amigos para a vida", relata Sofia Peniche, finalista do curso de Serviço Social. Após três anos de dedicação aos livros, a estudante, de 21 anos, explica que participar no Cortejo coloca a vida académica deixada para trás em perspetiva. "Faz perceber que todo o esforço valeu a pena. Daqui em diante é tentar lutar por aquilo que são os nossos sonhos", refere a aluna, que agora pretende entrar no mundo do trabalho.

"Ser caloiro é ser eu próprio"

Já para Pedro Pacheco, estudante do primeiro ano de Línguas, Literaturas e Culturas, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), ainda há muito que fazer. Com o desejo de ser professor, o caloiro perspetiva um futuro difícil: "Ainda não é a minha luta, mas vai ser", nota, mostrando-se preocupado com o panorama da classe. No entanto, para já, o momento é de festejar. Abraçado a mais três colegas de curso, e entre cânticos de mão ao peito, o estudante mostrou-se radiante com o dia do Cortejo. "Isto para mim é incrível. Estar aqui com os meus coleguinhas. Ser caloiro é ser eu próprio. Foi um ano cheio de emoções" e que culmina, agora, da melhor maneira.

Trajado a rigor, do alto do carro da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), João Malva celebra com os colegas o fim de mais uma etapa e respira de alívio, já que, para si, a despedida da Academia só acontece no próximo ano. Até lá, a expectativa é clara: "Acabar o curso e divertir-me", confessa. O Cortejo representa "o fecho de um ciclo depois de um ano de muito trabalho. É o pináculo de todo o esforço", conta o aspirante a engenheiro informático, com entusiamo.

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Orgulho e receio

Os protagonistas da festa não são só os estudantes. Também as famílias e os amigos vibram com as celebrações, num momento que é de orgulho, mas também de inquietação.

Felismina Pereira, mãe de Duarte Neves, finalista do curso de Geografia, assegura que "é um orgulho e uma emoção" estar presente em mais uma etapa da vida do filho, contudo, não esconde a "tristeza pela incerteza pelo que pode vir". Mas reafirma: "O dia de hoje é de celebração". O resto ainda está por vir.

Tal como aconteceu no ano passado, o Cortejo da Queima das Fitas do Porto arrancou na Praça da República, desceu a Rua de Camões e culminou na Avenida dos Aliados, reunindo milhares de pessoas, entre estudantes, familiares e curiosos que quiseram assistir à maior festa de estudantes do país. Na varanda em frente à Câmara, como já é habitual, os finalistas foram saudados pelo presidente da Câmara, Rui Moreira, pelos vereadores e pelos reitores das diferentes instituições de ensino superior.

A celebração não fica por aqui. Até sábado, dia 11 de maio, a festa continua no Queimódromo.