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A profecia cumpriu-se mas os amantes do Primavera Sound não arredaram pé

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Os avisos meteorológicos previam chuva intensa e trovoada e os temores concretizaram-se ao final da tarde. Vestiram-se as capas impermeáveis, o entusiamo não desvaneceu e a tempestade acabou por dar lugar à bonança. Vindos dos quatro cantos do mundo, milhares de festivaleiros encheram o recinto até ao limite e cerraram fileiras em frente ao palco Porto. para verem (ainda) mais perto a grande protagonista do segundo dia de festival.

“Amanhã vou estar doente, mas faz parte”, antecipa Alan, que, despido da cinta para cima, se mantém na linha da frente do palco Porto. Diretamente de Londres, o brasileiro aterrou para ver a sua cantora preferida pela quinta vez. Depois de uma experiência “um pouco insossa” em Milão, escolheu a Invicta para, com a amiga Letícia, que chegou de São Paulo, encontrar um público à sua altura e vibrar ao som da sua “diva”, como quem diz, Lana Del Rey.

“Ouvi dizer coisas maravilhosas sobre o Porto e decidi vir aqui ver a Lana”, corrobora Lock, com grande entusiamo. A envergar uma t-shirt com o rosto da autora de “Born To Die”, o australiano, que esperou horas a fio pela abertura de portas do recinto, atravessou o mundo para vir ao Primavera Sound Porto – e nem o dilúvio que assustou os festivaleiros ao fim da tarde o fez simpatizar menos com a cidade à beira mar-plantada.

Entre a loucura da “Lanamania", encontra-se o detentor de um privilégio que provavelmente mais ninguém entre o público pode dizer ter. Ricardo Yogi segue a artista para todo o lado. Já atravessou o mundo para ver Lana Del Rey outra e outra vez e, tal admiração, fez com que a cantora o passasse a reconhecer e a seguir nas redes sociais.

“Em todos os concertos que venho dela fico na primeira fila e ela tem sempre o cuidado de me cumprimentar”, conta, sorridente. Confirma-se. Enigmática, a artista - que fez uma verdadeira retrospetiva do seu reportório musical - desce do palco para cantar junto dos fãs e sela a gratidão pela dedicação de Ricardo com um beijo e um abraço.

No último espetáculo, o latino esteve no Alabama, nos EUA, de onde é natural, mas aproveitou a vinda da cantora ao Porto para conhecer um pouco melhor a cidade “de que todos falam”.

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Um copo de vinho que aguça a curiosidade

Tal como muitos outros visitantes nacionais e internacionais, Ricardo, Lock, Alan e Letícia dançam ao ritmo dos seus artistas favoritos, mas também agarram a oportunidade de ingressar numa verdadeira experiência que reflete a identidade da cidade do Porto.

Entre concertos e conversas, os festivaleiros aproximam-se da luminosa réplica do mini Mercado do Bolhão. Os manjericos verdejantes, as flores coloridas e o espírito frenético visível pelas portadas entreabertas convidam quem passa a espreitar o espaço pintado de azul e branco.

Na entrada, entregam-se passaportes e começa a viagem pelo universo da cidade. Entre jogos interativos que dão a conhecer os projetos económicos fomentados pelo Município, há também a oportunidade de aprender mais, na banca do Visit Porto, sobre o que é feito em torno do turismo.

O percurso termina com um brinde regado com vinho da região. Para os visitantes internacionais, a surpresa de descobrir o elixir do Douro. Para os portuenses e turistas repetentes, a confirmação de estar a degustar uma das maravilhas que a região tem para oferecer. Para todos, a experiência é selada entre risos, ficando no ar a vontade de explorar mais.

"Entramos aqui numa brincadeira"

Orgulhosa do espaço dedicado ao Visit Porto, instalado no interior do mini Mercado do Bolhão, a vereadora do Turismo nota que a banca - que se mostra pequena para tantos entusiastas - releva “a importância do enoturismo” para a Invicta e representa “as Great Wine Capitals para que as pessoas também percebam quais são as cidades que fazem parte desta rede”.

Além disso, explica Catarina Santos Cunha, “entramos aqui numa brincadeira com os novos quarteirões, que é a área que estamos a tentar dar a conhecer”, referindo-se às oito zonas criadas com o intuito de aliviar a pressão turística na cidade.

Em modo descontraído, a autarca destaca o Primavera Sound como “um festival especial porque tem muitas vivências diferentes”, o que também representa “uma ótima oportunidade para conhecer imensos restaurantes da cidade que estão aqui representados”.

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Espírito multicultural

O cartaz do segundo dia, esgotado desde março, trouxe à tona a vertente multicultural que envolve o festival, mas também destacou nomes do panorama musical português.

Além da norte-americana Lana Del Rey, que já não vinha a Portugal desde 2019, os festivaleiros vibraram com o espetáculo cénico da banda australiana Tropical Fuck Storm. O público também dançou ao ritmo da artista lusa Milhanas – que “teve o seu concerto preferido até hoje” – e ainda cantou em bom português com André Henriques.

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