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Atribuição de medalhas da cidade mostra que "sabemos ser gratos a quem nos quer ou faz bem"

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Desde 2014, Rui Moreira agracia inúmeras personalidades e instituições pelo marco que já deixaram na sociedade. Este ano, na Casa do Roseiral, o presidente da Câmara do Porto entregou 46 medalhas municipais, numa cerimónia na qual voltou a evidenciar a importância da cultura, deixando ainda uma mensagem em nome da liberdade – uma condição que, a 9 de julho, é sempre motivo de celebração na Invicta.

"No Porto, sabemos ser gratos a quem nos quer ou faz bem. Há entre nós o dever ético de agradecimento e um vincado sentimento de gratidão, que se expressa sem constrangimentos ou pudores", ilustrou Rui Moreira, durante a entrega das medalhas municipais, concedidas a mais de 40 personalidades individuais (cinco atribuídas a título póstumo), quatro instituições e um trabalhador municipal.

Ao realçar que, com a atribuição das medalhas municipais, "estamos a reconhecer quem dignificou a cidade com a sua qualidade humana, dimensão intelectual, atividade cívica e competência profissional", o presidente da autarquia portuense dirigiu-se especialmente aos homenageados: "Com esta distinção, esperamos dar o devido relevo público e transmitir às novas gerações o vosso inspirador exemplo".

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A cultura foi determinante para a construção de uma cidade mais dinâmica

Dez anos depois de ter iniciado a tradição de entregar as medalhas municipais no dia 9 de julho, Rui Moreira continua a distinguir a relevância da cultura na sociedade, apontando a sua importância para o desenvolvimento da cidade.

"A cultura foi determinante para a construção de uma cidade mais dinâmica, criativa e cosmopolita. E tudo isto sem hipotecar o caráter identitário do Porto ou comprometer a sua coesão social e territorial", notou, lamentando que, no âmbito nacional, nem sempre seja dado "o devido relevo ao papel da cultura no fortalecimento do tecido social".

A nível municipal, "os exemplos de sucesso da aposta na cultura são muitos e variados", destacou o autarca, elencando algumas das reformas promovidas pelo Executivo.

É o caso "da reformulação programática do Rivoli, a reabertura do Cinema Batalha, a reestruturação do projeto Museu da Cidade (hoje Museu do Porto), a criação da Fonoteca Municipal, a inauguração do Campus Paulo Cunha e Silva, a reabilitação do Ateliê António Carneiro ou a requalificação em curso da Biblioteca Municipal", recordou.

Por considerar a cultura um dos pilares da cidade, o autarca agraciou, com a Medalha de Honra da Cidade, o mais alto título honorífico atribuído pela cidade do Porto, a presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho.

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Exemplo raro de cidadania apaixonada e desinteressada

"O seu papel tem sido fundamental na afirmação de uma fundação única, em que a parceria público-privada atinge a perfeição. A sua tenacidade, empenho, dedicação e entusiasmo são um exemplo raro de cidadania apaixonada e desinteressada", frisou o presidente da Câmara, perante os convidados.

No âmbito cultural, a lista de homenageados conta ainda com nomes como o escritor Carlos Tê, a artista Carmen Navarro, o escritor Fernando Campos de Castro, o fotógrafo Fernando Veludo, o presidente do Centro Europeu de Música, Jorge Chaminé, o galerista Pedro Marques Oliveira, o artista plástico Sobral Centeno ou o músico Vítor Rua.

Lembrando a importância que a cultura tem para as sociedades, Rui Moreira vincou que "o ensino superior não deve ficar à margem da dinâmica cultural", defendendo que há uma necessidade de "transformar as instituições de ensino superior em verdadeiros lugares de cultura".

Como tal, entre os homenageados também estão muitos nomes da academia. É o caso da vice-reitora da Universidade do Porto, Fátima Vieira, o reitor da Universidade Fernando Pessoa, Álvaro Nascimento, a professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Teresa Calix, a professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Fátima Marinho, ou o ex-secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira.

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Necessitamos de intermediação jornalística

O presidente deixou ainda uma mensagem importante, em nome da liberdade. "Nenhuma sociedade é verdadeiramente livre e desenvolvida sem o conhecimento histórico, a compreensão dos fenómenos sociais, o uso correto da língua, a preservação do património, a criação artística ou o jornalismo independente", referiu, enaltecendo a importância do escrutínio na vida política.

Por observar a relevância "do papel do jornalismo no desenvolvimento da cultura", nomeadamente numa altura em que "tanto necessitamos de intermediação jornalística, dada a profusão de fake news, trolls e outros mecanismos de desinformação", o presidente medalhou, este ano, dois jornalistas: Luís Costa e Ramon Font.

As medalhas da cidade também foram ainda entregues ao economista Alberto Castro, ao médico Alfredo Loureiro, à arquiteta Ana Aragão, ao presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, ao médico Eurico Castro Alves, ao antigo presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Fernando Amaral, ao geólogo Fernando Noronha, à adjunta do gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, Helena Teixeira da Silva, ao histórico quadro do PCP, Honório Novo, ao último preso político a ser libertado, Jorge Carvalho, ao presidente do Instituto Superior de Serviço Social do Porto, José Alberto Reis, ao formador José Formosinho, à ex-porta-voz do antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso, Leonor Ribeiro da Silva, ao engenheiro Manuel Matos Fernandes, ao engenheiro Pedro Guedes de Oliveira, ao arquiteto Nuno Valentim, ao arquiteto paisagista Paulo Farinha Marques, à psicóloga e terapeuta familiar Milice Ribeiro dos Santos, à investigadora Ragnhild Lothe, ao padre Rubens Marques e à arquiteta paisagista Teresa Andresen.

Cinco das medalhas de mérito foram atribuídas a título póstumo: ao médico António Graça, ao vendedor ambulante Carlinhos da Sé, à pintora Armanda Passos, à médica Paula Coutinho e ao antigo bispo Sebastião Leite de Vasconcelos.

O Município do Porto prestou ainda homenagem a quatro instituições: a Associação Recreativa e Cultural Conjunto Dramático 26 de Janeiro, o Centro de Atletismo do Porto, o Futebol Clube da Foz e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte.

Como é habitual, foi atribuída uma Medalha de Bons Serviços a um trabalhador municipal. Este ano, a escolha recaiu sobre o diretor de Desenvolvimento Urbano, José Duarte.

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O Porto é uma cidade de pertenças e afetos

A cerimónia ocorre sempre no dia 9 de julho, remetendo para a entrada do exército libertador na cidade do Porto, em 1832, após o desembarque dos liberais no Mindelo.

A heroica resistência dos portuenses conduziu à vitória às tropas liberais de D. Pedro IV, com o levantamento do cerco em agosto de 1833. A partir daqui, o Porto passou a ser nomeado como cidade Invicta, tendo construído uma identidade muito própria.

"O Porto é uma cidade de pertenças e afetos. Os portuenses são bairristas sem serem paroquiais e permanecem fiéis à identidade muito própria da cidade", enfatizou Rui Moreira, numa cerimónia que contou com a presença de centenas de convidados, entre os quais o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, tal como os vereadores da Câmara do Porto e outros autarcas.