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Computadores usados ganham uma nova vida e chegam às mãos de quem mais precisa

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Existem diversas maneiras de transformar o mundo e reparar equipamentos usados, dando-lhes uma nova vida, é uma delas. É esse o propósito do projeto ReBOOT, que, além de recuperar computadores, tem como principal objetivo entregá-los a quem mais necessita. Através da iniciativa municipal, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, ofereceu, esta quinta-feira, na UPTEC, mais de 300 aparelhos a 35 entidades da Rede Social.

Mais de um ano após ter sido lançado o projeto municipal ReBOOT, chegou a altura de os aparelhos recolhidos e recuperados serem entregues a Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da cidade. A iniciativa, abrangida no projeto Asprela + Sustentável, provou que é possível transformar os recursos existentes a um baixo custo – houve um investimento de 25 mil euros por parte do Município, porém, se fossem adquiridos equipamentos novos o valor despendido seria muito superior –, permitindo ainda dar resposta às necessidades de instituições sociais da Invicta.

"A lógica passou por montar um processo em que tínhamos instituições que nos doavam computadores que já eram obsoletos. Depois disso, tivemos sessões de capacitação. Quem arranjou os computadores foram mesmo as pessoas, os cidadãos, que, sem conhecimentos de informática, vieram aprender e deixaram de ter medo de abrir um computador e de o reparar, arranjar as peças, mudar as pilhas, mudar as memórias, mudar os discos, reparar ecrãs ou teclados", explicou o também vereador do Ambiente e da Inovação.

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Feitas as contas "conseguimos entregar 216 computadores e 116 monitores, que estão agora reparados e que podem continuar a ter uso por parte de quem mais necessita", destacou Filipe Araújo.

Pode ser uma porta de entrada para uma profissão futura

Um dos objetivos do projeto ReBOOT passa ainda por provar que não é preciso ser um perito em informática para colocar mãos à obra em prol de um planeta mais sustentável, uma vez que qualquer pessoa ou entidade teve oportunidade para participar nas sessões de capacitação e nos Repair Café. A iniciativa chegou ao fim com 83 pessoas formadas, após dez sessões de seis horas, nas quais os participantes restauraram mais de 300 equipamentos.

A prova de que o ReBOOT é para todos são os beneficiários da Associação Qualificar para Incluir, que, além de terem recebido das mãos do vice-presidente novos aparelhos informáticos, também aproveitaram a iniciativa municipal para adquirirem formação numa nova área.

"Tivemos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) que já tinham alguma aptidão apara a informática e que enviamos para aqui para ganharem competências adicionais. Até porque esta pode ser uma porta de entrada para uma profissão futura", admitiu Ofélia Carvalho, da Associação Qualificar para Incluir, dizendo ainda estar "esperançosa" por levar consigo cerca de 20 aparelhos que vão fazer muita diferença nas rotinas da instituição da Rede Social do Município.

De momento, "os equipamentos que temos são lentos e não têm capacidade para lidar com tanta informação", ressalvou a responsável, explicando que o acesso à Internet é uma necessidade diária na associação.

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Já na Associação do Porto de Paralisia Cerebral, os equipamentos recuperados também vão fazer a diferença. "Vamos levar oito computadores fixos e três portáteis. Serão muito importantes não só para os serviços, mas também para os utentes fazerem os seus trabalhos diariamente", notou Aníbal Cunha, presidente da direção da instituição, antecipando que os computadores vão ser usados "para diferentes atividades, a nível de literacia e para realizar a leitura de contos".

O mundo não é infinito

O projeto ReBOOT faz parte da estratégia do Município do Porto, no que diz respeito à lógica de economia circular, esclareceu o vice-presidente, ao lembrar que a autarquia "olha para tudo aquilo que são os recursos da cidade, querendo que estes tenham um novo sentido ou um novo uso".

No caso dos computadores, as pessoas ainda não estão habituadas "a repará-los e a dar-lhes outro uso, quando eles muitas vezes ainda podem continuar a funcionar durante muito tempo", evidenciou Filipe Araújo, frisando que, mesmo quando parece que já não há solução para os equipamentos, "temos que insistir nesta vertente da reparabilidade, porque sem isso estaremos a consumir mais recursos e o mundo não é infinito".

Ao longo do processo, a recolha dos equipamentos foi assegurada pelas entidades gestoras de resíduos a nível municipal, intermunicipal e nacional, junto de empresas e de particulares.

Durante as sessões de recuperação dos aparelhos, cada participante teve acesso ao Manual de Reparação ReBOOT e às ferramentas necessárias para efetuar as reparações.

Com o lema "Repara o teu computador. Transforma o mundo", o projeto é uma parceria entre a Câmara do Porto, a Porto Digital, a Lipor, a Recycle Geeks e a European Recycling Platform. Conta ainda com o apoio da UPTEC, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), da Associação de Estudantes da FEUP, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, da Universidade Portucalense, da Federação Académica do Porto, da Circular Economy Portugal e da Rede Campus Sustentável.