Sociedade

Estudo de investigadoras do i3S é capa de revista científica internacional

  • Paulo Alexandre Neves

  • Notícia

    Notícia

fib_investigacao_i3s_02.JPG

Filipa Brito

A capa da edição de março da revista científica International Journal of Cancer é dedicada ao estudo desenvolvido por uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

Carla Oliveira, do i3S, liderou a equipa de investigação e assina o artigo, conjuntamente com Gabriela Almeida. O trabalho contou ainda com a colaboração do Centro Hospitalar Universitário de São João, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Instituto Politécnico de Coimbra, Universidade de Uppsala, na Suécia, Hospital Universitário de Seoul, Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Seul, Instituto de Investigação em Cancro de Seoul.

As investigadoras quiseram perceber porque é que a mortalidade por cancro gástrico em Portugal é elevada e está a aumentar e na Coreia do Sul, apesar do número de casos ser dos mais elevados do mundo, é muito mais baixa e está a diminuir. Como conclusão explicam que a diferença está no rastreio precoce e nas operações terapêuticas usadas na fase inicial do cancro gástrico.

Para tanto, a equipa liderada por Carla Oliveira avaliou coortes de doentes com cancro gástrico dos dois países, tanto a nível molecular, como de abordagem terapêutica e cirúrgica, recorrendo a amostras de tumores gástricos de 170 doentes não sujeitos a quimioterapia do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) e de 367 doentes da Coreia do Sul.

“Verificamos que nas amostras de portugueses, que tinham a caderina-E alterada e a proteína CD44v6 muito elevada, os doentes tinham pior sobrevida e isso revelou-se particularmente evidente nos estádios I e II (fases iniciais da doença), causando taxas de mortalidade mais elevadas do que as esperadas”, salienta, em comunicado, a coautora do artigo, Gabriela Almeida.

“Em média, os estádios precoces na Coreia do Sul são detetados 10 anos antes dos portugueses”, salienta Carla Oliveira, adiantando que também os coreanos são “muito mais agressivos nas cirurgias”, mesmo em casos em fases iniciais, nomeadamente com a remoção de um número maior de nódulos linfáticos do que os doentes portugueses. Em Portugal, “fazem-se cirurgias mais conservadoras em estádios precoces”, conclui.