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No próximo ano o heliporto do Hospital de São João será uma realidade

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Um anseio com várias décadas vai tornar-se uma realidade até ao próximo ano. As obras de construção do futuro heliporto do Hospital de São João já tiveram início e vão dotar a unidade de saúde das melhores condições de resposta a doentes graves e complexos.

O projeto do heliporto foi apresentado na manhã desta sexta-feira no Hospital de São João, numa ocasião que serviu igualmente para testemunhar o andamento dos trabalhos, que já arrancaram. A estrutura heliportuária ficará localizada em frente ao serviço de Urgência do hospital e terá uma ligação direta ao edifício, através de um corredor especialmente desenhado para o efeito.

A estrutura surge graças ao empenho dos presidentes das câmaras municipais do Porto, Maia e Valongo, que, em julho de 2021, assinaram uma carta dirigida ao ministro do Planeamento, ao ministro das Infraestruturas e ao presidente da CCDR-N onde reclamam o papel do Estado para tornar o heliporto uma realidade. Os três autarcas marcaram presença na cerimónia desta sexta-feira e não esconderam a satisfação pelo cumprir do sonho.

“O tempo de resposta, em termos de saúde para doentes graves e complexos, é fundamental. Com o apoio de fundos europeus, e com o apoio das autarquias, vamos daqui a um ano, seguramente, ter uma nova centralidade e dar resposta a doentes graves que vêm de toda a região Norte”, congratulou-se o presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, Fernando Araújo.

Até aqui, estes doentes críticos chegavam ao São João por outros meios. “Normalmente vinham por via terrestre, ou através de helicópteros do INEM, mas para outros heliportos – Matosinhos, Massarelos – e tinham depois de fazer o transbordo, o que em doentes instáveis é extremamente exigente”, acrescentou.

A obra está orçada em 1,7 milhões de euros e ficará concluída no final deste ano. O heliporto começará a funcionar em 2023, numa plataforma elevada, com cerca de seis metros de altura, na pista existente e desativada há 20 anos.

“Pela localização e acessos, foi determinado que a melhor forma de construir este heliporto seria em altura”, explicou o diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do Hospital de São João, Nelson Pereira. “O que vai existir é uma manga elevada aos seis metros de altura da plataforma, que desemboca numa área com um elevador, e que conduz o doente ao serviço de Urgência. À saída do helicóptero o doente é retirado para uma maca do hospital e conduzido em segurança e rapidamente para o interior do edifício”, acrescentou o mesmo responsável.

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, e o presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil, Duarte Silva, também estiveram presentes.

Desenvolvimento tecnológico

O futuro heliporto do Hospital de São João albergará, ainda, um “hub” de mobilidade vertical, explicou o presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, Fernando Araújo. “A ideia, para além de a estrutura servir para a resposta em termos de assistência, o que é fundamental, é utilizá-la como uma plataforma, do ponto de vista tecnológico, para testarmos projetos inovadores em termos de mobilidade, nos quais se incluem também os drones. A ideia é rentabilizar a estrutura, criando aqui uma área de inovação ligando a saúde com a parte do desenvolvimento tecnológico”, explicou.

Este “hub”, criado no âmbito da Zona Livre Tecnológica, atribuída recentemente pela Agência Nacional de Inovação para a mobilidade aérea avançada em emergência médica, vai promover o desenvolvimento de novas tecnologias, como por exemplo drones de transporte de órgãos, à semelhança do que é feito noutras estruturas hospitalares.

Rede de desfibrilhadores em espaços públicos

Congratulando-se com a concretização deste anseio da cidade e da região, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, lançou um novo desafio às entidades presentes no ato: a criação de rede de desfibrilhadores em espaços públicos do Porto. A sugestão do autarca passa pela congregação de esforços num “trabalho conjunto para o espaço público dispor de desfibrilhadores”.

“Nos estádios de futebol, ou nos recintos culturais, é fácil instalar desfibrilhadores. Mas o que me preocupa é o espaço público”, sublinhou Rui Moreira, frisando a necessidade de esse projeto integrar uma vertente de formação, de forma a capacitar os cidadãos a utilizarem aqueles dispositivos médicos.