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Nova rede da STCP prevista para entrar em funcionamento em 2025

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Um novo desenho da rede da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) está a ser consensualizado pelos municípios servidos pela operadora, estando previsto, em princípio, no início de 2025, a sua concretização. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara, durante a Assembleia Municipal, que decorreu esta segunda-feira à noite.

"No início de 2025, em princípio, temos uma nova rede consensualizada", afirmou Rui Moreira, em resposta ao deputado do Bloco de Esquerda, Rui Nóvoa, revelando também que "a STCP contratou o professor Álvaro Costa para redesenhar uma nova rede para o Porto e para os outros cinco municípios [servidos pela operadora], estando a ser consensualizada entre todos".

O redesenho da nova rede de transportes para o núcleo central da Área Metropolitana – Porto, Vila Nova de Gaia, Gondomar, Maia, Matosinhos e Valongo – deverá "alargar a novas zonas de operação" e, face à intenção de tornar elétrica a frota da STCP, o objetivo será tornar a nova rede e, consequentemente, os seus percursos entre os cinco municípios e o Porto “mais retilíneos”.

"Com a nova oferta da Metro é preciso evitar que [Metro e STCP] concorram nos mesmos trajetos", acrescentou Rui Moreira.

Terminal das Camélias não serve de parque de longa duração

A questão da nova rede da STCP surgiu durante a discussão da alteração do Código Regulamentar, dedicada à Gestão do Espaço Público, que estabelece as normas de exploração de todos os terminais rodoviários e interfaces e que foi aprovada por unanimidade. A propósito deste assunto, o presidente da Câmara deixou bem claro que os operadores de transporte privado de passageiros "não se podem apropriar do parque das Camélias" e que este não pode servir de "parque de estacionamento de longa duração".

"O município fez um investimento significativo [no parque das Camélias]. Esses operadores podem operar nas Camélias, não pagam 'toque', que se traduz na ação de carregar e descarregar passageiros, mas aquilo que querem ali fazer é um parque de estacionamento de longa duração", sublinhou Rui Moreira.

"Isso, não queremos, nem estamos disponíveis. Não temos nada contra os privados, mas estes não podem fazer das Camélias a sua garagem", acrescentou.

Em causa está o pagamento de uma taxa de permanência no terminal além dos 10 minutos do "toque" para largar e recolher passageiros, previsto no regulamento municipal, cujo tempo várias operadoras de Vila Nova de Gaia dizem ser insuficiente e inviável financeiramente.

"Estamos alinhados com a Câmara de Vila Nova de Gaia"

Rui Nóvoa, do Bloco de Esquerda, considerou ser esta uma atitude "vergonhosa" por parte de algumas operadoras, pedindo para ser convocada a Câmara de Vila Nova de Gaia, no sentido de discutir o assunto. "Não precisamos de reunir [com a Câmara de Gaia], porque estamos alinhados", adiantou Rui Moreira, garantindo que se trata de "uma questão de um operador privado, que quer fazer finca-pé, afetando a mobilidade".

"Se o Porto fosse o 'faroeste', a logística era mais fácil para todos os operadores", frisou o autarca, acreditando que, a partir de outubro, com as novas concessionárias, a situação seja ultrapassada e estas cumpram o caderno de encargos. Curiosamente, e durante a discussão pública da alteração do Código Regulamentar, os operadores foram informados por ofício e convocados para reuniões, às quais nunca compareceram.

Raul Almeida, do Movimento "Rui Moreira: Aqui Há Porto", elogiou a atitude de todas as bancadas parlamentares, durante a discussão na Assembleia Municipal, "sem preconceitos e complexos ideológicos. Estivemos aqui todos a construir, a aportar boas ideias, ao lado dos interesses do povo do Porto". "É um objetivo comum, a revolução tranquila na mobilidade, que o Município foi avançando ao longo do tempo, demonstrando que o Porto sabe estruturar-se e enfrentar os desafios do futuro", acrescentou.

Agostinho Sousa Pinto, do PS, garantiu o apoio do seu partido à alteração do Código Regulamentar, já que se "verifica a necessidade de adaptar os regulamentos sob a organização da cidade, para que se tornem amigos do ambiente e mais inteligentes. A rede de transportes deseja-se integrada, operacional e que coloque o interessa da população em primeiro lugar".

Para Nuno Borges, do PSD, com esta alteração "parece racional dirigir a procura de estacionamento para parques com menor centralidade, deixando o Terminal das Camélias para o estacionamento de maior ocupação e menor tempo de permanência, bem como obter uma compensação financeira que permita uma manutenção de todas as infraestruturas".

Francisco Calheiros, da CDU, também mostrou-se favorável à alteração ao Código Regulamentar, deixando, no entanto, uma preocupação, "porque são sempre os mesmos que sofrem, ou seja, os utentes".

Jerónimo Fernandes, do Chega, deu igualmente o seu apoio à proposta apresentada, realçando "a intermodalidade, com a criação de espaços de rotação de transportes para os utentes".

Voto de pesar pelo falecimento de Manuel Gaspar Martins

A Assembleia Municipal aprovou também, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento de Manuel Gaspar Martins, antigo deputado da Assembleia da República, entre 1979 e 1985, e antigo membro da Assembleia Municipal, nos mandatos de 1993 a 1997 e de 1997 a 2001, proposto pelo seu partido de sempre – o PCP.

Gaspar Martins distinguiu-se como sindicalista, com forte intervenção no setor bancário. "Amava a sua cidade, em que nasceu e sempre viveu, e era um cidadão atento e interventivo", afirmou o deputado da CDU, Rui Sá, acrescentando: "Caraterizava-se por uma grande modéstia avessa a protagonismos individuais, pela capacidade de ouvir os outros, por, sem abdicar dos seus princípios essenciais, ser capaz de gerar consensos em torno das causas que considerava justas, por um enorme sentido de humor".

A Assembleia Municipal cumpriu, depois, um minuto de silêncio em memória de Manuel Gaspar Martins.

Assista à sessão da Assembleia Municipal na íntegra no Youtube da Câmara do Porto.