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A génese do Primavera Sound Porto cria tradições e passa de geração em geração

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De pequenino se torce o pepino, diz a velha máxima, que é copiosamente aplicada pelo público do Primavera Sound Porto. Há onze edições consecutivas que o festival prioriza um ambiente que propicia o convívio familiar, motivando a criação de tradições que saltam de geração em geração. Há até quem venha desde que estava na barriga da mãe.

“Já vim muitas vezes desde que sou bebé”, desvenda Maria da Luz, que, do alto dos seus seis anos, já pede aos pais para vir ao Primavera Sound Porto. Cá, fez um amigo que espera encontrar no próximo ano. O “Cascas”, a mascote em forma de banana da empresa municipal Porto Ambiente, é "muito divertido" e sempre tem um nome mais fácil de pronunciar do que muitos dos artistas que atuam no festival. "Não sei o nome de nenhum", admite, envergonhada.

Acompanhada pela mãe, Ana, a petiz, que está longe de ter idade para fazer brindes com álcool, revela que “adorou saber mais sobre os sítios dos vinhos”, referindo-se ao jogo da banca Visit Porto.

Habituada aos sons do festival desde que estava na barriga da progenitora, “Luzinha”, como gosta de ser chamada, diz já estar ansiosa pelo próximo ano. A mãe corrobora: “Passou a ser uma tradição”, conta, ao explicar que todos os anos a família faz as malas e deixa Lisboa para rumar à Invicta com o objetivo de “vivenciar o ambiente diferente deste festival”.

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"É um ambiente bastante tranquilo"

A família do Sul não é a única a ser presença assídua. “Trago o meu filho praticamente desde que ele nasceu”, detalha Telmo Carvalho, enquanto o pequeno Duarte se mostra empenhado em colorir o livro que acabara de adquirir.

Apesar da chuva que, ao terceiro dia de festival, também não quis perder pitada dos espetáculos, o portuense garante que o menino de cinco anos já está habituado às andanças festivaleiras. “Fica connosco até tarde. É muito porreiro ter a companhia dele aqui”, reflete, sentando numa das mesas do mini Mercado do Bolhão, onde relaxa enquanto aguarda que o aguaceiro resolva ir embora.

E porquê que o Primavera Sound Porto é o melhor festival para vir em família? “É um ambiente bastante tranquilo e descontraído, por isso, dá vontade de vir acompanhada pelos filhos”, responde Ana, que vagueia pelo parque na companhia de Ema, que com 13 anos já decide a que concertos quer assistir. The Legendary Tigerman está na lista da adolescente. “É bom porque podemos passar tempo juntas e fazer coisas diferentes”, diz a mãe, que está ansiosa para ver as estrelas do dia: Pulp e The National.

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Regresso aos palcos portugueses

A banda norte-americana The National voltou ao Primavera Sound Porto, onde atuou pela última vez em 2014, contabilizando já dezenas de espetáculos em Portugal. Um clássico que nunca desilude o público português. O vocalista, Matt Berninger, colocou o Parque da Cidade a cantar e ainda deixou uma mensagem importante: "Feliz mês pride a todos", ecoou.

Depois de mais de dez anos sem pisar solo luso, a banda britânica Pulp levou o público de volta aos anos 90 e início do milénio, com músicas como “This is Hardcore", “Babies” ou “Common People” – um dos seus temas mais famosos.

Respeitando a sua génese, o Primavera Sound voltou a honrar a cultura musical portuguesa, com presenças como a do compositor Tiago Bettencourt. O dia da despedida destacou ainda formações locais, como o Conjunto Corona, composto por dB e Logos, os Expresso Transatlântico, que transportaram os festivaleiros numa viagem musical entre as influências da tradição portuguesa e as sonoridades globais contemporâneas, e os Best Youth.

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Dose tripla repete-se em 2025

Para o ano, a dose tripla repete-se: o Primavera Sound Porto regressa ao Parque da Cidade nos dias 12, 13 e 14 de junho, gerando mais uma oportunidade para os festivaleiros alimentarem o repositório de memórias - que para alguns já vai bem preenchido.

A 11.ª edição do Primavera Sound Porto registou um marco histórico ao ter, no segundo dia, a sua maior afluência de sempre, recebendo 40 mil pessoas que encheram o recinto por completo.

Ao longo dos três dias, 100 mil festivaleiros pisaram o Parque da Cidade e carregaram consigo mais uma leva de experiências para não esquecer.