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O homem que nos ensinou a ouvir música está em destaque no Gabinete Gráfico

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A Eurico Augusto Cebolo, músico, compositor, pedagogo e escritor que todos conhecem sem saberem o seu nome, é dedicada a mais inesperada exposição do Museu e Bibliotecas do Porto. "Professor Mágico - Tributo a Eurico Augusto Cebolo" inaugura neste sábado, dia 17, às 16 horas, no Gabinete Gráfico da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

"Eurico Augusto Cebolo ocupa um lugar prodigioso, mas marginal e quase inclassificável, na cena cultural portuense e portuguesa das últimas décadas", descreve o texto de abertura da primeira mostra dedicada ao compositor (Coleja 1938 – Porto 2021).

Com curadoria de Jorge Sobrado e Rita Roque, em colaboração com Francisco José Viegas, a nova exposição do Gabinete Gráfico destaca uma das figuras mais incontornáveis da cultura popular portuguesa da segunda metade do século XX.

Natural de Carrazeda de Ansiães, desde cedo Cebolo desvelou o seu pulsar criativo. Aprendeu música sem educação formal, treinando o ouvido, a técnica e a mestria em bailes de aldeia.

Aos 16 anos emigrou, com a sua mãe, para Moçambique onde, com um professor italiano, rendeu-se ao acordeão. Bastou um mês de aulas com Carlo Genzi para trocarem de papéis e iniciar o que mais tarde se consolidou num largo percurso de didata.

Escreveu e compôs as suas primeiras músicas para as or­questras do Rádio Clube de Lourenço Marques, tendo, em 1962, arrecadado o prémio para a melhor canção do festival hispano­-português de Aranda de Duero.

Do seu portfólio contam-se, ainda, seis vitórias no concurso da "Grande Marcha de Lisboa", nas festas de Santo António, a última das quais já em 2000.

Um acidente de automóvel incapacita Cebolo de aprofundar o seu percurso de concertista, reintroduzindo-o ao ensino da música. Daqui resultam dezenas de manuais de enorme popularidade, como "Guitarra Portuguesa Mágica", "Órgão Mágico", "Piano Mági­co", "Método Mágico: Cavaquinho e Viola Braguesa", "Teoria Mágica Musical" ou "Tocar Bandolim", tudo em edição de autor.

Como refere António Araújo, "ao longo de décadas, e graças ao 'método Cebolo', um pro­dígio de acessibilidade, milhares de alunos de todo o mundo puderam iniciar-se na música e até, com jeito e empenho, aprender a tocar um instrumento sonoro, ou vários".

À época, os registos de vendas destes livros assinalam cerca de 50 mil exemplares ao ano, incluindo países como o Japão.

Eurico A. Cebolo também foi o fundador da loja e editora Musicarte. Além de autor de livros de pedagogia musical, também assinou romances de cordel desde os seus 16 anos.

"Professor Mágico – Tributo a Eurico Augusto Cebolo" revela objetos íntimos, registos fotográficos e documentais, livros, desenhos e instrumentos.

No programa inaugural da primeira exposição dedicada ao homem que tanto influenciou o gosto musical de amadores, autodidatas e curiosos, será apresentada uma performance ao piano por Paulo Barros, um DJ set de SuM e um diverso repertório por um grupo de fados.

"Professor Mágico – Tributo a Eurico Augusto Cebolo" está patente até 27 de abril, à segunda-feira das 14 às 18 horas, e de terça-feira a sábado, das 10 às 18 horas. A entrada é gratuita.