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À conversa com o presidente

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A afirmação é de Maria Irene, moradora no número 212 da Travessa da Póvoa, na "Ilha das Comadres", no centro do Porto, local visitado ontem por Rui Moreira, que o escolheu para uma conversa com a rádio TSF no âmbito dos dois anos de mandato, que hoje assinala.

Porto, a cidade das mil ilhas, um número apurado por um estudo encomendado pelo Município e apresentado em abril passado, que apurou a existência de 957 "ilhas" na Invicta, onde vivem cerca de 10.400 pessoas.

Na "Ilha das Comadres", numa visita acompanhada também pelo vereador da Habitação e Ação Social, Manuel Pizarro, e pelo presidente da junta de freguesia do Bonfim, José Carvalho, Rui Moreira reiterou a vontade em valorizar "um património que parecia ser um património a demolir".

O presidente da Câmara do Porto falou também num modelo alternativo de habitação social que pode ser encontrado nas ilhas, à medida que vão sendo reabilitadas. "Na Domus Social, temos neste momento 700 pedidos por satisfazer de habitação social. Se conseguirmos encontrar modelos nas ilhas e se pensarmos que temos um fundo de solidariedade social que ajuda a pagar as rendas às pessoas, podemos encontrar aqui um modelo alternativo de habitação social que complemente os bairros sociais tradicionais", referiu à jornalista Bárbara Baldaia.

Segundo o estudo "Ilhas" do Porto - Levantamento e Caraterização, coordenado por Isabel Breda Vázquez e Paulo Conceição, da Universidade do Porto, a freguesia com maior número de ilhas é Campanhã, com 243, seguida da União de Freguesias do Centro Histórico e Cedofeita, com 176 e por Paranhos, com 155. Lordelo e Massarelos é a União de Freguesias com menos ilhas, contando-se apenas 75. Estas quase mil ilhas são compostas por mais de oito mil casas, mas somente cerca de 4.900 estão habitadas.

"Por isso, Rui Moreira espera no futuro canalizar para as ilhas pedidos de habitação social. Entretanto, a Câmara está a desenvolver intervenções em parceria com as juntas, a Domus e as Águas do Porto", refere a peça jornalística.

Com rendas na ordem dos 2,5 euros e 5 euros, os senhorios ficam sem possibilidade de fazer investimento e em os moradores sabem disso, mesmo assim, não querem abandonar o local. "O meu filho morou aqui, saiu queria que eu fosse com eles, mas estou habituada aqui, gosto muito disto aqui. A vizinhança é boa, a gente tem muita limpeza e se não tem começa logo a mandar vir umas com as outras", explicou Maria Irene.

Um facto referido no estudo, em que 60% dos inquiridos afirmava estar "satisfeitos" com o alojamento e que 34% não queria mudar de casa. Nos 54% que assumiam um desejo de mudança e, dentro desse grupo, 60% disse que gostaria de poder residir numa casa reabilitada no mesmo local.

O presidente da Câmara do Porto, que hoje assinala 

dois anos à frente dos destinos da cidade, entende bem esta vontade. ""Esta é a ilha das comadres, porque as pessoas se dão todas bem, sentem segurança, pelo facto de ter um portão. Não pode ser apenas a burguesia a ter os condomínios fechados, as pessoas também têm direito a tê-los". É "o condomínio fechado dos pobres", explica Rui Moreira, e "é preciso tratar deles".

Recorde-se que quer em campanha eleitoral, quer já como presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira tem insistido que as ilhas são boas oportunidades para reabilitação urbana a preços competitivos e que o estilo de vida comunitário que proporcionam está de acordo com o carácter da cidade.

Assim, na ilha da Belavista, propriedade do município já está em curso um plano de reabilitação, e vai servir de "laboratório" para as restantes. O projeto delineado para o local aposta no conceito de reabilitação a baixo custo (cerca 6500 euros por casa), mantendo os moradores no mesmo local, mas dando-lhes novas condições de vida.

Leia aqui a reportagem da TSF na íntegra.

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