Inovação

Plataforma online "made in Porto" dá a conhecer melhor o mundo dos vinhos

  • Paulo Alexandre Neves

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Uma conversa à volta de uma mesa transformou a vida de dois amigos e vizinhos: Ivan Barbato, italiano de Nápoles e especialista em inteligência artificial (IA) e cibersegurança, e Pedro Guerreiro, profissional no setor vitivinícola, decidiram criar uma ferramenta que ajuda não só a criar mercados e negócio próprios como os setores tradicionais a mudar o paradigma da gestão. Assim nasceu a Winepedia, a partir do Porto, como gostam de acentuar.

Uma espécie de wikipedia do vinho, ou seja, como os próprios criadores definem, "uma enciclopédia, de acesso livre, dedicada, em exclusivo, ao setor". "Uma ferramenta que consegue satisfazer as curiosidades e exigências, tanto de amadores como de profissionais", assume Ivan Barbato.

A Winepedia está assente numa base de dados validada, que "evita os erros da inteligência artificial genérica, na ordem dos 30%", sublinha Pedro Guerreiro, garantindo que pretendem ter, dentro de pouco tempo, "uma margem de erro próxima do zero". Em constante evolução, a plataforma contém informação fidedigna sobre os todos os aspetos do setor: castas, vinhos, mas também, por exemplo, a conjugação com a gastronomia.

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"Tanto se pode utilizar a Winepedia para aconselhar qual o melhor vinho para acompanhar determinado prato ou ajudar profissionais, tanto nas suas pesquisas ou na sua produção", sublinha o especialista italiano, que vive, desde 2001, no Porto, acrescentando: "nesta plataforma é possível encontrar informação de interesse para todos".

Em poucos meses, a Winepedia já atingiu diferentes pontos do globo. Disponível em 200 idiomas, a plataforma já foi consultada, por exemplo, no Brasil, Estados Unidos, Itália, mas também em alguns países lusófonos. A surpresa maior veio de Moçambique, com a publicação de uma reportagem sobre a Winepedia no único jornal económico do país (Diário Económico).

"A pesquisa dos norte-americanos na internet está sempre associado aos vinhos, quando pensam em Portugal", diz Ivan Barbato, mas "a satisfação maior é ver o interesse dos PALOP e sem termos feito qualquer tipo de divulgação".

Em média, quase 500 utilizadores fazem, mensalmente, pesquisas no site. Perguntas genéricas, estando garantida, como assume o especialista de IA, "a sua privacidade. Não sabemos que tipo de perguntam fazem". Entre os mais "curiosos" estão, por exemplo, os nossos pequenos produtores, algumas cooperativas do Douro, que "chegaram a pesquisar se existiam, enquanto tal, na plataforma".

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"Queremos ajudar o nosso setor dos vinhos a afirmar a cultura nacional no mundo inteiro", garante Pedro Guerreiro, que não deixa de afirmar, com certo orgulho: "Estamos no Porto, que junta vários setores tradicionais, mas também muita tecnologia (nova economia). Um hub por excelência. Um projeto destes, que foi pioneiro, só podia ter nascido aqui".

Para além da pesquisa, a Winepedia permite aos utilizadores fazer perguntas, verbalmente, e receber uma resposta, igualmente, em áudio. Há quem já tenha sugerido que, no âmbito da inteligência artificial, se deveria fazer mais qualquer coisa relativamente às colheitas automáticas das uvas.

“Estamos no Porto, que junta vários setores tradicionais, mas também muita tecnologia (nova economia). Um hub por excelência. Um projeto destes, que foi pioneiro, só podia ter nascido aqui”.

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Uma plataforma em constante evolução

A Winepedia nasceu para trazer "a IA à realidade, ao dia a dia" e ajudar os produtores para o futuro. Um novo mundo para os vinhos, através de uma plataforma de acesso livre.

Para os seus criadores, a intenção é essa mesmo: continuar de acesso livre, "senão poderia perder a sua neutralidade. Era uma máquina que, no fundo, acabava por enganar as pessoas", frisa Ivan Barbato. E acrescenta: "o trabalho excecional que consegue fazer o pequeno produtor merece ser ajudado a ser divulgado, de forma acessível".

Pedro Guerreiro e Ivan Barbato são utilizadores frequentes da Winepedia. "A máquina nunca se irá substituir ao enólogo”, confessa Pedro Guerreiro, que está sempre a utilizar o seu próprio projeto online.

"Pretendemos que seja uma ferramenta que ajude Portugal a chegar ao mundo inteiro, com aquilo que melhor fazemos. Desde os pequenos produtores até às grandes marcas, com a nossa cultura, bem vincada, e presente internacionalmente", concluiu o profissional do setor vitivinícola.