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Batalha apresenta novo programa dedicado a filmes recentemente restaurados

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A partir de 28 de dezembro, o Batalha Centro de Cinema apresenta “Tesouros do Arquivo”, que propõe a (re)descoberta de obras recentemente restauradas por laboratórios, arquivos e cinematecas importantes da indústria.

Este novo programa pretende mostrar um conjunto de obras cuja importância para a história do cinema é já reconhecida, mas também outras, de múltiplas geografias, que por diversas circunstâncias não chegaram ao grande público.

O programa tem início a 28 de dezembro, às 21h15, com “Orlando” (1992), de Sally Potter. Adaptação livre do célebre romance de Virginia Woolf, o filme acompanha um jovem aristocrata (Tilda Swinton) numa irónica viagem por 400 anos da história inglesa em busca do amor, primeiro como homem, depois como mulher. A obra foi recentemente restaurada para assinalar o 30.º aniversário do seu lançamento.

Segue-se “The Dupes” (1973), de Tewfik Saleh, a 29 de dezembro, às 19h15, um dos primeiros filmes árabes a abordar a questão palestiniana. Restaurada este ano e apresentada no Festival Il Cinema Ritrovato, a obra traça os destinos de três homens de idades diferentes, unidos pela desapropriação, o desespero e a esperança num futuro melhor.

No dia 30, às 17h15, é apresentado “Suzhou River” (2000), de Lou Ye. Descrita como um enigma sedutor e atmosférico, reminiscente de um cruzamento entre Wong Kar-Wai e Hitchcock, a longa integra a Sexta Vaga do cinema chinês, absorvendo a visão antirromântica, a desorientação e a descrença na política económica chinesa que caracteriza o movimento.

Em “The Driver’s Seat” (1974), de Giuseppe Patroni Griffi, apresentado a 4 de janeiro, às 19:15, Elizabeth Taylor protagoniza o papel mais obscuro, bizarro e incompreendido da sua carreira. A história segue uma mulher perturbada que, ao chegar a Roma, encontra uma cidade fragmentada por leis autocráticas, pela violência e pelo seu próprio drama psico-existencial. Este tesouro italiano recém-restaurado tem direção de fotografia de Vittorio Storaro, vencedor de três Óscares, e uma breve prestação de Andy Warhol enquanto ator.

Dirigida a um público adulto, a comédia musical “Bubble Bath” (1979), de György Kovásznai, surge como um ponto de rutura dentro do cinema de animação húngaro. A obra foi recebida com confusão pela crítica, tendo sido retirada das salas pouco tempo após a estreia. A versão apresentada no Batalha no dia 5 de janeiro, às 21h15, surge a partir de um longo e complexo restauro, que envolveu 30 membros do National Film Institute da Hungria.

A 6 de janeiro, às 17h15, é exibida “Fear and Desire” (1952), a primeira longa-metragem de Kubrick. Depois de sucessivos cortes do realizador, infeliz com o resultado, o filme regressa na sua forma restaurada a partir dos elementos originais de 35mm e com a duração de 70 minutos, a mesma da sua data de estreia no Festival de Veneza.

Através de um intrincado jogo de flashbacks e diferentes perspetivas, “Brief Encounters” (1967), exibido no dia 7 de janeiro, às 17h15, centra-se num complexo triângulo amoroso. A obra demarcadamente feminista realizada por Kira Muratova — cineasta ucraniana descrita como uma das realizadoras mais interessantes da história do cinema — teve a sua exibição proibida até aos tempos da Perestroika.

A 13 de janeiro, sábado, às 15h15, a pensar nas famílias, é exibido “Harmónica” (1973), de Amir Naderi. Filmado na região do Golfo Pérsico, onde o cineasta cresceu, o filme é um retrato belo, cómico e, por vezes, cruel da infância, que reflete sobre jogos de poder, pressão de grupo e a importância de saber dizer “não”.

A partir de fevereiro, o programa “Tesouros do Arquivo” adota uma cadência regular a com duas sessões por mês — entre elas, “Beyrouth fantôme” (1998), de Ghassan Salhab, e “As Ilhas Encantadas” (1965), de Carlos Vilardebó, protagonizado por Amália Rodrigues.