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Comunidade junta e mais capacitada para assegurar um envelhecimento digno e ativo

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Cuidar dos mais velhos, ao mesmo tempo que lhes é garantida uma vida ativa, participativa e plena nos seus direitos é o desafio a que o Município se propõe com a criação do plano “Porto Cidade Amiga das Pessoas Idosas”. Esta semana, reuniu, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, cerca de duas centenas de instituições que trabalham com esta população para a primeira sessão do programa “Estamos Juntos – Capacitação”.

“Não queremos ter a visão meramente assistencialista”, garante o vereador da Coesão Social. Fernando Paulo afirma que o Município, assim como a rede de parceiros, quer “efetivamente, proporcionar uma cultura de respeito, de cidadania, um envelhecimento feliz e ativo e, sobretudo, que possamos ter os nossos seniores também intervenientes na comunidade”.

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Com um conjunto de ações já no terreno, numa missão de “mobilizar a cidade”, esta ação de capacitação é mais um passo para “todo um trabalho que é necessário fazer, não só ao nível das políticas públicas, mas também de serviços, de produtos, que tem um potencial incrível”, considera o vereador. Fernando Paulo dá o exemplo do serviço que a STCP está a propor para criação de minibus, com pequenos circuitos nos bairros para facilitar a circulação dos idosos.

Todos nós só nos realizamos enquanto pessoa na relação uns com os outros, inseridos numa comunidade e sentindo que temos algo a contribuir. E temos muito a contribuir".

O vereador da Coesão Social partilhou, ainda, a mensagem de que “de todos os desafios que a Humanidade vive, não podemos deixar de considerar a noção de bem-estar e de felicidade que cada um de nós, do ponto de vista individual e coletivo, tem como propósito”.

“Todos nós só nos realizamos enquanto pessoa na relação uns com os outros, inseridos numa comunidade e sentindo que temos algo a contribuir. E temos muito a contribuir”, defende.

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Nesta primeira ação de capacitação esteve, igualmente, presente o coordenador científico do plano Porto Cidade Amiga das Pessoas Idosas. António Fonseca destacou, de entre as competências necessárias às pessoas que trabalham diretamente com estas pessoas, o conhecimento das questões jurídicas, “porventura, menos abordadas, mas muito pertinentes”.

“Uma pessoa idosa, juridicamente, é um adulto, mas, à medida que vamos envelhecendo, vai aumentando a nossa vulnerabilidade, que traz incapacidades que poderão refletir necessidades do ponto de vista do enquadramento legal”, recorda o professor da Universidade Católica”.

Uma pessoa com demência fica afetada na sua capacidade, mas não pode ficar afetada na sua dignidade”.

Nas palavras de António Fonseca, “uma pessoa com demência fica afetada na sua capacidade, mas não pode ficar afetada na sua dignidade”.

Por outro lado, acrescenta a questão da institucionalização das pessoas idosas. “Não podemos olhar para essas pessoas sem refletir sobre os seus direitos que, frequentemente, podem ficar em causa em situações como a videovigilância, a contenção física, ou a não permissão para circulação”, sublinha.

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Ao longo da manhã, o “Estamos Juntos – Capacitação” promoveu sessões sobre o direito à reserva sobre a intimidade da vida privada, o regime jurídico do maior acompanhado, o estatuto do cuidador informal e o enquadramento jurídico do combate e criminalização da violência.

A ação contou com a participação da advogada Joana Aroso como oradora principal, que enalteceu o "enriquecimento recíproco" deste tipo de sessões onde "estão muitos idosos que podem dizer, de viva voz, quais são as suas preocupações, o que sentem como uma dificuldade".

"Este projeto é, claramente, pioneiro, e deve ser seguido como exemplo porque parte de um princípio agregador, mas também de uma conceção que não é estritamente teórica ou de elaboração de um documento de reflexão", considera a advogada, acrescentando que "o Porto está a ser um líder do pelotão" em matéria de trabalho em prol da população idosa.

O "papel importantíssimo na promoção do envelhecimento saudável" é, igualmente reconhecido por Ana Maria Moreira, uma das participantes na ação de capacitação, que ali foi "cheia de esperança de ter soluções para problemas como a assistência à nossa população idosa ao nível da saúde, seja física ou psíquica".