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Deputados municipais condenam ataques a imigrantes

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A Assembleia Municipal do Porto aprovou, com o voto contra do Chega, um voto de repúdio e de condenação pelos ataques a imigrantes que ocorreram, no início deste mês, no Bonfim. Ao voto de repúdio apresentado pela CDU associaram-se todas as forças políticas com representação na Assembleia Municipal do Porto, à exceção do Chega.

Em substituição do presidente da câmara, o vice-presidente, Filipe Araújo, condenou os ataques que considerou "um crime de ódio". "O Porto é uma cidade de liberdade, tolerância e abertura. Não há uma relação direta entre insegurança e imigração, isto tem de ser dito de forma cabal quando estamos a tentar misturar assuntos. O que importa é que haja segurança para todos", assegurou.

O deputado Raul Almeida, do movimento independente "Rui Moreira: Aqui Há Porto", saudou o amplo consenso em torno do que aconteceu no dia 4 de maio na cidade. "É o momento dos princípios sobre a ideologia e da humanidade sobre a barbárie", defendeu, dizendo que se o Porto quer continuar a ser "uma cidade de tolerância e inclusiva" não pode "fechar os olhos" ao "incitamento ao ódio" feito nas redes sociais por grupos de extrema-direita. "Isto não é preciso para rigorosamente nada na nossa sociedade", afirmou.

Também o deputado socialista Agostinho Sousa Pinto repudiou os ataques e defendeu a necessidade de o Porto "criar condições para a coabitação de todos independentemente da sua nacionalidade, religião ou opção política". "Cabe a nós pugnar por melhores condições de vida para aqueles que escolheram o nosso país para viver. Devemos condenar sem 'mas' e sem 'ses' estes atos inqualificáveis, bem como todos os discursos que os fomentam", referiu.

Já o deputado social-democrata Rodrigo Passos classificou os acontecimentos como "um crime hediondo, vil e de ódio", repudiando o ataque, assim como a "tentativa de polarização" que foi feita no debate político.

Pela CDU, que apresentou o voto de repúdio, a deputada Alexandra Guerra e Paz condenou as agressões, defendendo que as mesmas "tiveram por base motivações racistas e xenófobas".

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Criticando o Chega por não participar nas reuniões de preparação da assembleia, a deputada Susana Constante Pereira, do BE, destacou que o voto apresentado "convoca a falar do que une" a maioria dos deputados, nomeadamente, "o repúdio a este ataque racista e vil que aconteceu e que envergonha".

Lamentando, igualmente, as agressões, o deputado do PAN Paulo Vieira de Castro defendeu que os imigrantes "são usados demasiadas vezes como arma de arremesso quer pelos populistas de direita, quer pelos populistas de esquerda".

Apesar de condenar o "ato criminoso perpetuado por um bando de criminosos que invadiram uma habitação e espancaram cidadãos indefesos", o deputado do Chega Jerónimo Fernandes acusou os partidos de esquerda de "tentarem reduzir", no voto apresentado, as causas do sucedido. "Reduzir isto a fascistas, xenófobos e pessoas focadas em contrariar as circunstâncias em que vivem é muito básico e de quem não tem o mínimo de capacidade de analisar as condições em que os cidadãos do Porto vivem em algumas zonas", referiu, adiantando que iria apresentar uma declaração de voto.

Também o presidente da Junta do Bonfim, João Aguiar, condenou os ataques, mas apelou a que não se tirassem "ilações precipitadas", apelando a que se aguarde pelas conclusões das investigações.

Assista, na íntegra, à sessão ordinária, seguida de sessão extraordinária, da Assembleia Municipal, no Youtube da Câmara Municipal do Porto.