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Estratégia do Porto de criar quarteirões territoriais turísticos é exemplo para ser replicado

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Filipa Brito

A estratégia de criar oito quarteirões territoriais que permitam dispersar o fluxo turístico por diferentes zonas da cidade foi apresentada, no início deste ano, pelo Município do Porto, podendo começar a abrir a porta a experiências semelhantes em outras cidades. O portal de notícias “A Mensagem de Lisboa” coloca em hipótese a aplicação do plano na capital e os especialistas asseguram que seria uma ótima ideia.

Com o propósito de gerir a pressão turística na Invicta e equilibrar a qualidade de vida e bem-estar entre residentes e visitantes, a Câmara do Porto delineou o caminho para a criação de oito quarteirões territoriais, numa apresentação realizada no início deste ano.

O objetivo, como explicou a vereadora do Turismo e da Internacionalização, Catarina Santos Cunha, é "colocar uma lupa sobre as diferentes cidades dentro da cidade", de modo a que a massa turística não se acumule apenas na zona do Centro Histórico do Porto e da Baixa.

Apesar da estratégia ainda não estar totalmente implementada, pode começar a servir de inspiração para outras cidades portuguesas. O portal de notícias "A Mensagem de Lisboa" questionou dois especialistas sobre a viabilidade de se aplicar este plano na capital e as respostas foram favoráveis.

O professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Jorge Ferreira, "acredita que se poderia pensar em algo similar para a capital", escreve o portal de notícias.

De acordo com o investigador na área de Geografia do Turismo, em declarações ao site, a capital "tem de ser promovida como um território que se estende a outros concelhos, incluindo a margem sul do Tejo", apontando a necessidade de se criarem "pontos de atração" nas diferentes zonas da cidade.

Equilíbrio entre habitantes e visitantes

Além disso, o especialista alertou: "A cidade é para quem a visita, mas também para quem a habita – e neste momento, há um confronto entre estas duas coisas", referindo-se à necessidade de potencializar as particularidades das diferentes zonas da cidade.

Jorge Ferreira acredita ainda que o turismo deve ser pensado de uma forma mais integradora, através do "equilíbrio entre os que visitam, os que trabalham, os que investem e os que moram", noticia "A Mensagem de Lisboa".

Também João Barreta, especialista em Gestão do Território e em Urbanismo Comercial, concorda com esta ideia e acrescenta que "os novos capitais", a serem aplicados em Lisboa, devem ser impelidos para outras zonas da cidade, "de forma a tentar alastrar a mancha turística", tornando-a "menos densa e concentrada".

Para já, o Porto está a delinear um caminho para a definição oficial de oito quarteirões com muitas histórias para contar:

  • Centro Histórico do Porto, mas também de Vila Nova de Gaia, o lugar da história, do passado e da preservação do caráter singular;
  • Baixa, de identidade forte e vincada, uma conjugação da oferta gastronómica diversa e de uma aura jovem de diversão e atividade noturna;
  • Foz, com ligação a Matosinhos Sul, a união do rio ao mar;
  • Zona da Boavista, Campo Alegre e Marginal, rica em arquitetura, música e arte, casa de empresas internacionais;
  • Bonfim, imagem do Porto irreverente e jovem, que atrai mentes criativas e disruptivas;
  • Lapa, República e Marquês, que acolheu as linhas de defesa liberais e que cruza monumentos históricos e religiosos numa simbiose cultural;
  • Zona da Asprela, Arca d’Água, Carvalhido e Ramalde, lugar da investigação, da ciência e do conhecimento;
  • Campanhã e Antas, onde o rural e o urbano se intercetam, com novas dinâmicas e renovação constante.