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Executivo assinala o 25 de Novembro de 1975 e pede a celebração oficial da data

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O Executivo Municipal aprovou hoje uma moção sobre o 25 de Novembro de 1975, que recomenda à Presidência da República a celebração oficial da data a partir do próximo ano. Também é sugerida à Comissão de Toponímia da cidade a atribuição do topónimo "25 de Novembro de 1975" a uma rua ou praça.

O documento apresentado pelo vereador da Economia, Comércio e Turismo, Ricardo Valente, foi aprovado por maioria, com os votos contra do PS e da CDU, e inclui a recomendação de "um voto de louvor a todos os envolvidos direta e indiretamente nesta data", nomeadamente General Ramalho Eanes, Coronel Jaime Neves e Brigadeiro Pires Veloso.

Propõe, ainda, "a efetivação de uma conferência a realizar na cidade do Porto sobre o significado da data, tendo em conta as dimensões do passado, do presente e do futuro".

No dia em que se assinalam 46 anos sobre aquela efeméride, o debate sobre o assunto suscitou posições diversas, algumas delas surpreendentes para o presidente da Câmara do Porto, que ficou admirado com o voto contra do PS, sobretudo porque, há quatro anos, escreveu um texto que contou com o apoio de notáveis do Partido Socialista. Nele, Rui Moreira explica a importância histórica do 25 de Novembro passados 40 anos e o seu inegável contributo para a normalização democrática do país (pode ler o artigo na íntegra AQUI).

No entanto, a posição do PS divergiu hoje desse anterior entendimento, constatou o autarca, depois de ouvir a vereadora socialista Maria João Castro dizer os tempos que se seguiram ao 25 de Abril devem ser enquadrados na ótica de "um processo revolucionário normal".

Também o autor da proposta, Ricardo Valente, disse ter ficado "perplexo" com esta posição, tanto mais quando há registos da importância que Mário Soares atribuía ao 25 de Novembro. "O 25 de Novembro é resposta ao 11 de Março e coloca o 25 de Abril nos trilhos", referiu, frisando que "o valor do 25 de Abril não é colocado em causa pelo 25 de Novembro".

A vereadora Ilda Figueiredo, da CDU, discordou da proposta, referindo que "não há só um lado da história" e que se deve "colocar os fantasmas do passado de lado". Por seu turno, Álvaro Almeida, vereador do PSD, que aprovou a moção com os vereadores independentes, sublinhou que se assiste "a uma tentativa de revisionismo histórico surpreendente", uma vez que "há quatro anos os socialistas estavam todos com uma narrativa diferente".

Na moção aprovada por maioria do Executivo Municipal lembra-se que, no ano de 1975, o país assistiu "a uma série de episódios de violência de grupos mais ou menos organizados da extrema-esquerda e da extrema-direita que colocaram Portugal à beira de uma guerra civil".

A 25 de novembro essa tensão chegou ao limite, "com os militares ligados à extrema-esquerda, inconformados com as decisões do MFA, a tomarem pontos estratégicos, tendo o país entrado em estado de sítio". Esta "tentativa liberticida", continua a moção de Ricardo Valente, "apenas foi gorada pela ação corajosa de um grupo de militares patriotas e democratas, intérpretes dos valores e anseios profundos do povo português", conclui.