Sociedade

Histórias da Cidade: O templo de betão projetado pelo arquiteto Agostinho Ricca

  • Paulo Alexandre Neves

  • Notícia

    Notícia

A Igreja e o Centro Paroquial da Boavista podem vir a tornar-se, em breve, monumentos de interesse público (MIP). Após recomendação à tutela, por parte do instituto público do Património Cultural, e do anúncio publicado em Diário da República, decorre, de momento, a consulta pública. O templo, de betão e projetado pelo arquiteto Agostinho Ricca, atrai estudiosos de todo o mundo.

Conhecida, em termos de cidade, por Igreja do Foco, integrada no parque residencial apelidado com o mesmo nome, tem nos vitrais de Júlio Resende um dos motivos para visitar o espaço, que exibe também peças de diferentes artistas.

É descrita como uma obra de "indiscutível qualidade e até excecionalidade no âmbito da arquitetura moderna religiosa em Portugal, articulada com um programa iconográfico de mestres como Júlio Resende, Zulmiro de Carvalho, Manuel Aguiar e Francisco Laranjo".

gco_igreja_do_foco_2024_2.jpg

"Muita gente passa e nem se apercebe de que é uma igreja", afirmou à revista Evasões (2023) o padre Feliciano Garcês, atual pároco da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Boavista, com capacidade para 650 lugares.

Muita gente passa e nem se apercebe de que é uma igreja

Em termos históricos, e numa primeira fase, foi construída a igreja, com bênção da primeira pedra em dezembro de 1977 e inauguração a 31 de maio de 1981, pelo então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes.

O exemplo do padre Júlio Carrara

A luz natural e sobriedade na ornamentação destacam-se entre muitos outros pormenores do espaço, como a figura de Cristo e o sacrário, da autoria do escultor Zulmiro de Carvalho, o altar e o ambão, do pintor Francisco Laranjo, ou o órgão de tubos ibérico, da autoria de Manuel Casal Aguiar.

Seguiu-se uma segunda fase com a construção da primeira parte do Centro Social Paroquial (inaugurado em maio de 1991) e, em 1995, a terceira fase, com a demolição do antigo seminário, para dar lugar a um outro edifício com novas estruturas e serviços, incluindo a residência e o cartório paroquiais e mais salas.

Para além do edificado deve realçar-se, desde a primeira hora, a presença dos sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), de que se destaca o padre Júlio Carrara, italiano radicado em Portugal desde 1938, fundador e primeiro pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boavista.