Cultura

Ideia(s) de liberdade junta(m) música e política entre as paredes do Mosteiro

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

A “liberdade absoluta” de Beethoven fez-se ouvir, ao final da tarde de quinta-feira, no Mosteiro de São Bento da Vitória, na primeira sessão do ciclo MUSICAL-MENTE, desta vez inspirado pela ideia de liberdade. Juntando arte e política, o presidente da Câmara do Porto foi o primeiro convidado da iniciativa promovida pelo Teatro Nacional São João que, na antecâmara do cinquentenário do 25 de Abril, procura a ligação ao humanismo.

"Talvez como nenhuma outra arte, a música é capaz de mobilizar pessoas, de inspirar movimentos, de mudar mentalidade, de desafiar normas", afirma Rui Moreira, que considera esta arte "um poderoso elemento de agregação cultural, de socialização e de construção identitária".

Mas também "um grito de liberdade". Lembrando a importância da música em revoluções como o 25 de Abril ou em "grandes transformações sociais e políticas" como o Maio de 68 ou os movimentos pacifista, feminista ou LGBT, o presidente da Câmara reforça que "a liberdade não é palavra vã para os portuenses e os poderes autoritários não tiveram vida fácil no Porto".

Rui Moreira recordou a "programação musical intensa e de muita qualidade" na cidade no século XIX e início do século XX, com várias salas de espetáculo, atividade musical diversificada e maestros, compositores e músicos "de grande virtuosismo", um cenário que vem ganhando sempre novos protagonistas.

"Esta relação especial com a música não pode ser dissociada dos valores liberais que a cidade tão bem personifica", acredita o autarca, certo de que "liberdade e música estão ambas incrustadas na identidade do Porto, na sua mundividência, no seu particular modo de pensar, sentir e agir".

Neste primeiro concerto, o pianista e curador do ciclo Filipe Pinto-Ribeiro juntou-se ao violinista alemão Stephan Picard e à violoncelista neerlandesa Quirine Viersen para interpretar dois Trios com Piano de Beethoven.

Até março de 2024, o MUSICAL-MENTE vai apresentar ainda mais duas sessões, inspiradas em compositores na esfera dos regimes políticos do seu tempo: a liberdade reprimida de Dmitri Schostakovich, sob o jugo soviético, a liberdade exilada de Erich Wolfgang Korngold como fuga ao nazismo. Sempre com um prelúdio político.