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Investigadores do IPO trabalham para reduzir dor crónica do doente oncológico

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Investigadores do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto integram um projeto europeu que pretende encontrar uma solução baseada na neuromodulação para reduzir a dor crónica do doente oncológico e melhorar a qualidade de vida.

Intitulado de "PAINLESS", o projeto visa implementar uma intervenção domiciliária baseada na neuromodulação para reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. Envolve 17 parceiros de 10 países (Portugal, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Roménia, Israel, Suíça, Bélgica, França e Chéquia) e decorre até 2027, sendo financiado, em cerca de 2,5 milhões de euros, pela Comissão Europeia.

O projeto divide-se em três vertentes, sendo que a primeira é liderada pelo IPO do Porto e consiste em perceber os mecanismos com os quais o cérebro processa a dor. Até março de 2025, está prevista a avaliação e monitorização de 450 doentes, 140 dos quais do instituto do Porto.

Em declarações à agência Lusa, o professor e investigador Rui Medeiros salientou que "cada doente tem diferentes sensibilidades à dor", pelo que o projeto permitirá uma "avaliação personalizada" desta condição.

Estima-se que 59% dos pacientes em tratamento oncológico, 64% dos pacientes com doença oncológica avançada e 33% dos doentes curados sofram de dor crónica.

Queremos encontrar formas de tratamento mais eficazes

No IPO do Porto foi montada uma "sala especializada" para a avaliação dos doentes, que são expostos a estímulos térmicos (calor e frio) e táteis (sensibilidade). Estes estímulos permitem, posteriormente, avaliar a resposta do sistema nervoso central e periférico de cada doente.

"Queremos encontrar formas de tratamento mais eficazes", esclareceu a oncologista Cláudia Vieira, notando que esta condição é, atualmente, tratada com fármacos, a maioria dos quais autorizados para doenças como a depressão e epilepsia.

Depois de consolidados os dados da avaliação e monitorização dos doentes, os investigadores vão explorar se esses mecanismos com os quais o cérebro processa a dor são comuns em indivíduos saudáveis e doentes com cancro.

Posteriormente, vão avaliar a viabilidade e eficácia da entrega domiciliária de estimulação elétrica transcraniana de baixa intensidade para cuidados paliativos de pacientes com cancro que sofrem de dor.