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Município recusa responsabilidade nos atrasos das obras do metrobus

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Nuno Coelho

O presidente da Câmara do Porto não compreende a atribuição de responsabilidades ao município pelos atrasos na obra do metrobus, defendendo que tal foi provocado pela falta de mão-de-obra nas frentes de obra. "Não compreendo o facto de atribuírem a imposição do município do Porto (…) como causa dos atrasos na empreitada", afirma Rui Moreira, numa carta enviada ao presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga.

Face à resposta enviada pela empresa ao Grupo de Trabalho para Acompanhamento de Investimentos de Transporte Público da Assembleia Municipal, o presidente da Câmara decidiu reagir, repondo "a verdade dos factos". "Denotou-se um mau planeamento da Metro na condução de obras em ambiente urbano altamente densificado, como é o caso da Avenida da Boavista", sublinhou.

Rui Moreira garante mesmo que foi, por exemplo, a falta de mão-de-obra nas frentes em execução "o que, manifestamente, terá comprometido os prazos exigidos". "Até um leigo na matéria poderia atestar este como um dos motivos evidentes para o atraso na conclusão da empreitada", frisa.

Até um leigo na matéria poderia atestar este [falta de mão-de-obra] como um dos motivos evidentes para o atraso na conclusão da empreitada

Não questionando a importância da implementação de novos sistemas de mobilidade na cidade, o autarca portuense sublinha que as considerações feitas na resposta da Metro "não correspondem à verdade", criticando o "mau planeamento" da empresa na condução da empreitada do metrobus.

Por exemplo, a solução inicialmente prevista pela Metro - ocupar uma via em cada sentido e das duas vias centrais, deixando livre uma via de trânsito em cada sentido - teria "impactos significativos na atividade económica, estabelecimentos de ensino, acesso a garagens e habitações e todas as interceções ao longo daquela artéria".

"Para que seja possível equacionar o impacto que a empreitada iria gerar, sem a intervenção do município do Porto, a Metro pretendia implementar o corte da saída da Via de Cintura Interna (VCI) para a Avenida da Boavista (sentido nascente)", escreve Rui Moreira, acrescentando que tal seria "uma sentença de morte à cidade do Porto".

O presidente da Câmara é taxativo: "cabe ao município determinar as condições para todas as intervenções na cidade" e à Metro do Porto "respeitar as condições impostas para a execução desta empreitada, seguindo as determinações do governo da cidade".

Cabe ao município determinar as condições para todas as intervenções na cidade

Rui Moreira tece ainda comentários à frente de obra na Avenida Marechal Gomes da Costa, onde o projeto foi alterado para contemplar a construção de uma caixa de pavimento com uma profundidade de um metro abaixo do nível da via pública, que acarretou "um atraso adicional de dois meses".

"Fica a questão se neste caso a Metro do Porto pode alegar a imposição do município como condicionante para o atraso das obras", observa, revelando que nesta fase avançada da empreitada, devido "ao planeamento inadequado da Metro do Porto", não foi ainda formalizada a versão final dos projetos.

"Perante esta situação, caso a operação da STCP não funcione corretamente, deverão também ser atribuídas responsabilidades ao Município e ainda à STCP?", questiona Rui Moreira.