Ambiente

Município trava abate de árvores junto à VCI à espera de justificação da IP

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Entre 18 a 20 árvores foram cortadas pela Infraestruturas de Portugal (IP) junto à VCI, na zona da Prelada, durante os trabalhos que ali decorrem. Além de não ter sido informada previamente, a Câmara do Porto reclama à IP a justificação para este abate e, por razões de segurança, denunciando a forma como as árvores estavam a ser cortadas sem proteção, suspendeu imediatamente os trabalhos.

Depois de alertada para o abate, a Câmara do Porto pediu esclarecimentos à IP e recebeu a alegada existência de problemas fitossanitários como resposta, mas sem qualquer estudo que o comprove.

Recorde-se que naquela artéria a empresa pública detém 60 árvores, estando sobre gestão municipal outras 42. São, na sua maioria, árvores de grande porte, que têm entre os 20 e os 60 anos, atuando, entre outras valências, como barreira de ruído para quem habita na zona.

“A IP tem que perceber, de uma vez, que a VCI, sendo da sua competência, é, apesar de tudo, uma via urbana, que atravessa a cidade”, afirma o presidente da Câmara do Porto.

Em declarações à comunicação, na manhã desta terça-feira, Rui Moreira reforça “não se pode tratar uma cidade como se trata o quilómetro 200 numa autoestrada no meio de uma montanha. Aqui vivem pessoas”.

E acrescenta que o Município está a “tentar tornar a cidade muito mais habitável, a tentar resolver o problema da transição carbónica, mas encontramos, da parte da IP, uma total falta de coordenação connosco”.

“Não há nenhuma legislação que substitua o bom senso e a civilidade”, afirma, considerando “um pouco estranho que haja motivos de segurança em todas as árvores. Não é muito provável que elas fiquem todas doentes ao mesmo tempo”.

Rui Moreira lembrou que, há dois anos, foi feito um pedido, pela IP, para fazer a poda das árvores, mas “desta vez ninguém nos informou de nada”.

Câmara questiona soluções de mitigação do abate

Também o vice-presidente da Câmara considera que esta matéria suscita diversas perguntas, para as quais o Município não obteve resposta, entre elas o plano para aquela zona ou se haverá soluções de mitigação, nomeadamente a plantação de novas árvores.

Filipe Araújo considera que “o que assistimos hoje não é um mero corte de árvores. É um corte de árvores num local onde vivem milhares de pessoas. É acabar com um cortina arbórea que permitia, até, que as pessoas deixassem de ver a VCI”.

“Se é uma questão fitossanitária, então façam-nos chegar, como qualquer outra pessoa que intervém na cidade, o estudo, as razões de segurança para trabalharmos em conjunto”, apela o também vereador do Ambiente e da Transição Climática, recordando que o Município tem “uma equipa técnica que trata de 66 mil árvores, está mais do que capacitada para avaliar esses estudos”.

Depois de contactada a IP, o Município ficou a saber que está previsto um abate por fases, mas desconhece a metodologia do trabalho. “Não pode acontecer, de um momento para o outro, haver um abate massivo de árvores na cidade sem haver um plano, sem haver uma explicação”, reforça o vice-presidente.