Pedro Abrunhosa já tem o nome gravado nas paredes do Coliseu

A ligação afetiva entre o Coliseu Porto Ageas e Pedro Abrunhosa tem, a partir desta quarta-feira, um símbolo material. No Foyer mora agora uma placa de homenagem ao músico e compositor do Porto, a propósito da comemoração dos 30 anos do lançamento de "Viagens", primeiro e seminal álbum de Abrunhosa, mas também em reconhecimento pelo papel ativo que desempenhou, em 1995, na manifestação popular espontânea em defesa da manutenção do Coliseu enquanto sala de espetáculos fundamental da cidade e do país.

"Hoje, 'Vamos fazer o que ainda não foi feito': gravar o nome de Pedro Abrunhosa nas paredes que o músico defendeu. Este é um momento formal, celebratório, que ficará para a história como tudo o que fica gravado e se põe nas paredes", afirmou o presidente da Associação Amigos do Coliseu do Porto, Miguel Guedes.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o presidente da Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues - os três associados institucionais do Coliseu enviaram a Pedro Abrunhosa mensagens de felicitação, juntando-se assim a esta homenagem.

"Pedro Abrunhosa é um dos mais notáveis músicos, compositores e intérpretes da música portuguesa. Soube criar uma linguagem pop singular e inovadora, que reflete a sua formação jazzística, a sua erudição musical e o seu talento de songwriter", assinalou Rui Moreira, na mensagem lida por Miguel Guedes.

Na opinião do autarca portuense, "Pedro Abrunhosa pode, igualmente, ser definido como um cidadão civicamente empenhado. Característica que entronca com a sua arreigada condição de portuense – 'o mais belo estilo de ser português', como escreveu Eugénio de Andrade".

Lembrando o ano de 1995, quando o músico se algemou às grades do Coliseu, Rui Moreira deixou uma convicção: "Não se sabe até que ponto este dramático gesto pesou na reversão da venda do Coliseu. Mas a imagem do Pedro algemado ganhou uma tremenda carga simbólica. Representou na altura a luta dos portuenses contra a injustiça e a prepotência, que é uma marca constante da história desta cidade".

"O Porto deve muito a Pedro Abrunhosa. Não apenas pelo episódio do Coliseu, mas, sobretudo, porque ele soube ser arrojado, inovador e cosmopolita quando a cidade ainda não o era", concluiu.

"'O Coliseu é nosso', gritava-se na rua em agosto de 1995. Eu acrescento que o Coliseu é meu, é teu, é nosso, é de todos. E é tanto teu, Pedro… Obrigado", afirmou Miguel Guedes.

Na perspetiva da ministra da Cultura, "em 1995, o contributo de Pedro Abrunhosa foi decisivo para mobilizar a sociedade civil para a importância de manter o Coliseu ao serviço da Cultura e de toda a comunidade. Essa mobilização, caso único em Portugal, permitiu à cidade e ao país manter, não só um espaço cultural de referência a nível nacional, como também usufruir de um edifício de características singulares, hoje classificado como Monumento de Interesse Público”.

Após a leitura também da mensagem do presidente da Área Metropolitana do Porto e do discurso de Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR Norte na área da Cultura e Património, o músico e compositor portuense agradeceu as mensagens e a iniciativa, material e imaterial, da Associação Amigos do Coliseu, salientando que são "as ideias que ficam na intemporalidade".

"São as ideias que garantem a ética e a defesa pelo bem comum. Esta sala representa todas as salas de espetáculo do mundo. As salas de espetáculo precisam de permanecer no coração das cidades, que são constituídas por todos nós. É fundamental dizer-se: o Porto ainda tem o seu Coliseu", disse, sublinhando que "a cultura não é vendável".

A cerimónia terminou com Pedro Abrunhosa ao piano a fazer uma viagem por 30 anos de carreira, com "É Preciso Ter Calma", música do disco “Viagens”, de 1994, e terminando com o mais recente sucesso "Que O Amor Te Salve Nesta Noite Escura".