Cultura

Porto celebra vida “intrinsecamente livre” da poeta e ativista política Marta Cristina Araújo

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“Gosto do mar à volta do cais / e o desaguar do rio / junto à grande cidade nocturna / forrado de pele deixada pelos barcos / ancorados como palavras caladas / largando sons do silêncio iluminado / — vozes companhia de quem anda só”. Assim escreveu Marta Cristina Araújo sobre o Porto, na “Balada da Cantareira”. Esta semana, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, foi a vez de a cidade homenagear a poeta e ativista política com o lançamento da fotobiografia com testemunhos “A Arte de escreviver” e da obra reunida “No verso das mãos: obra poética e outros textos”.

Associando-se ao momento, o presidente da Câmara sublinhou como a “doutrina de vida” de Marta Cristina Araújo, enquanto portuense, “se centra num valor particularmente caro à nossa cidade: a liberdade”.

“Foi uma mulher intrinsecamente livre, mesmo vivendo num ambiente político e social sufocante. A escritora nunca se resignou perante a repressão da liberdade e lutou, com enormes custos pessoais, por um Portugal livre, democrático, justo e solidário”, afirmou Rui Moreira.

Sobre “A Arte de escreviver”, o autarca considera que “além do seu interesse histórico, enquanto retrato de uma época e de uma geração, esta obra de homenagem permite-nos ter uma ideia mais sólida da importância de Marta Cristina Araújo para a cultura portuguesa”, tendo sido dinamizadora da Cooperativa Árvore, do Cineclube do Porto e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

A autora, sublinhou Rui Moreira, “promoveu a qualidade da agenda artística do Porto, impulsionou a criação de novos públicos e deu à cidade uma vida cultural mais moderna, sofisticada e cosmopolita”.

Já no que se refere à vertente poética, e para lá da “sensibilidade lírica”, das “inquietações” e da inovação de formas e linguagens, o presidente da Câmara não deixou de lembrar como a poesia de Marta Cristina Araújo “exalta as pesadas fragas, o fogoso rio, as árvores majestáticas e o silêncio profundo. Do Porto, é sobretudo o mar que inspira os versos da autora”.