Cultura

Teatro Municipal do Porto celebra 10 temporadas por meio de música, do toque e de reinvenções

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A 10.ª temporada do Teatro Municipal do Porto (TMP) arranca, a 13 e 14 de setembro, com as estreias nacionais de "The Köln Concert", de Trajal Harrell/Schauspielhaus Zürich Dance Ensemble, no Grande Auditório do Rivoli, de "Mal de Ulisses", de Rui Catalão, no Auditório do Campo Alegre, e o concerto de Bill MacKay, no Pequeno Auditório do Rivoli, naquele que é o primeiro Understage da temporada, em parceria com a Amplificasom. Os bilhetes para os espetáculos da temporada 2024/2025 já estão disponíveis.

Tal como em 2014, o TMP abre as portas no segundo fim-de-semana de setembro e é tempo de refletir e celebrar. Ao longo destas 10 temporadas passaram pelo TMP cerca de 900 mil pessoas para assistir a mais de 1200 espetáculos, quase 50 por cento em coprodução. Mais de metade foram feitos com artistas que trabalham a partir do Porto.

"O número 10 representa a conclusão de um ciclo e a construção de outro", afirmam os codiretores artísticos Cristina Planas Leitão e Drew Klein, que explicam: "Recomeçar não é o mesmo que partir do zero. O passado deixa uma marca na nossa memória, simultaneamente vivida e cultural, que nos acompanha para o futuro, quer queiramos quer não. Esta evocação da memória atravessa os espetáculos ao longo destes meses. Esta temporada inclui obras que visam reforçar a ligação entre artistas e públicos e um tempo e um espaço específicos, seja por meio da música, do toque ou de reinvenções".

Sobre a nova temporada do TMP dizem: "As obras e artistas presentes na programação criaram espetáculos que desafiam o estado atual das coisas, estimulando o debate sobre temas como saúde mental, desejo sexual e realidades expandidas. Esperamos, assim, que nos levem a lugares – uns já conhecemos, outros iremos descobrir, uns são reais, outros um produto da imaginação".

Certa é a afirmação do compromisso assumido em setembro de 2014: "Entramos num novo ciclo. Embora saibamos que os temas e a forma como se apresentam possam mudar nos próximos anos, renovamos o compromisso com a cidade, evoluindo com a cultura e mantendo-a na dianteira da indagação artística".

O passado deixa uma marca na nossa memória, simultaneamente vivida e cultural, que nos acompanha para o futuro, quer queiramos quer não

No arranque da 10.ª temporada, destaque para a estreia do coreógrafo norte-americano Trajal Harrell no TMP. Com música de Keith Jarrett e Joni Mitchell, "The Köln Concert" busca uma forma onde as pessoas se encontram, apesar da diferença de idiomas, visões do mundo e identidades. Nesta peça, Trajal Harrell aborda a experiência partilhada de pessoas ternas e fortes, revelando a sua vulnerabilidade através da dança.

Também neste fim-de-semana, Rui Catalão estreia "Mal de Ulisses", inspirado nos sete lutos migratórios descritos pelo psiquiatra Joseba Achotegui. Um projeto com várias modalidades de intervenção, destinado a mobilizar as comunidades para a história, a identidade e o estado psíquico das pessoas sujeitas a processos migratórios.

No primeiro Understage da temporada, em parceria com a Amplificasom, o Rivoli acolhe a estreia, a solo em Portugal, do guitarrista norte-americano Bill MacKay.

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A relação com a música continuará presente ao longo da temporada do TMP, com Joana Gama e Luís Fernandes, que estreiam "Strata", no Grande Auditório do Rivoli, a 20 de setembro. Tal como o TMP, a dupla de piano e eletrónica também celebra 10 anos e para assinalar a efeméride recupera a sua configuração inicial, convidando o cineasta Eduardo Brito – com quem tinha trabalhado anteriormente em dois filmes – para a criação do imaginário visual deste espetáculo.

Em dezembro, dias 6 e 7, a estreia nacional de "4/4", de Chunky Move, o modelo de precisão coreográfica e resistência física de Antony Hamilton. Oito bailarinos interpretam uma sinfonia rígida de movimento fascinante num cenário minimalista. Com formação em técnicas de dança krump, hip-hop em estilo livre, house e contemporânea, a diversidade de filiação artística dos bailarinos, associada à perícia notável de Hamilton, dá origem a uma peça de dança australiana absolutamente singular e original.

Realidade virtual para criar mundos paralelos

Com recurso à realidade virtual, o TMP recebe a estreia de "BITCHO – Supra", de Susana Chiocca, dias 20 e 21 de setembro. Uma aventura encantatória onde o espectador imerge num outro mundo, idílico e misterioso, explorando dois ambientes distintos à medida que vai caminhando pelo espaço. O avatar de um novo BITCHO: esse ser híbrido em constante transformação que habitará o espaço, conduzindo-nos numa viagem.

Em mais uma edição do Make Trouble, dias 27 e 28 de setembro, o Studio Dries Verhoeven apresenta "Guilty Landscapes: Episode I Hangzhou", que será experienciado individualmente, entrando uma pessoa de cada vez, a cada 10 minutos. Sob a premissa "E se as notícias se voltassem para as suas testemunhas? E se os protagonistas do jornal da noite nos olhassem nos olhos?", o público é confrontado com uma câmara noticiosa.

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Também imersiva, mas não virtual, o Make Trouble apresenta ainda a estreia "HAMMAM", de Javiera Peón-Veiga: o "banho" enquanto fenómeno coletivo de purga, regeneração e prática de cura social, de forma a roçar a fronteira entre íntimo e público. Uma experiência imersiva, inspirada em práticas tradicionais de suor ou banhos quentes presentes em várias geografias e culturas no mundo.

Em outubro, de 24 a 26, "A Conversation with the Sun", de Apichatpong Weerasethakul, que "trouxe à vida o intangível, o invisível e o inaudível, através do seu léxico visual único". Poesia visual que vai além da linguagem, ondas criadas pela música de Ryuichi Sakamoto, partículas de luz a flutuar no ar num regresso à origem da vida, a um espaço-tempo completamente novo. Parte deste espetáculo pressupõe a utilização de óculos de realidade virtual e será experienciado através de circulação pelo Palco do Rivoli.

Coreógrafas da Europa, América do Norte e do Sul

Em novembro, lugar ao feminino com Faye Driscoll, Daniela Cruz, Joana Magalhães, Alma Söderberg e Carolina Bianchi.

Dias 8 e 9, no Rivoli, Faye Driscoll apresenta "Weathering", uma escultura de carne multissensorial feita de corpos, sons, cheiros, líquidos e objetos. Dez pessoas interpretam um tableau vivant, que se transforma de forma extremamente lenta num palco móvel que se assemelha a uma jangada.

Dia 9, no Campo Alegre, "ocelo", de Daniela Cruz, uma criação sensorial e multidisciplinar para todas as idades, que parte da necessidade de olhar de forma positiva para o contexto em que vivemos, pela vontade de criar sobre o belo. E "NEVA", de Joana Magalhães, um espetáculo para a primeira infância situado entre a instalação e o teatro. Uma obra aberta formulada como uma experiência narrativa criada em interação com o público.

De volta ao Rivoli, dias 15 e 16 de novembro, a estreia nacional de "Noche", de Alma Söderberg/Cullberg, num regresso da companhia sueca ao TMP. Um encontro entre dança e música, voz e ritmo é fundamental nesta peça, na qual a exploração assume uma configuração nova. Simultaneamente lenta e repentina, constantemente recorrente, mas ainda assim imprevisível, a noite é uma interrupção delicada do seu ritmo próprio.

A 22 e 23, o Auditório do Campo Alegre recebe "Trilogia Cadela Força/Capítulo I: A Noiva e o Boa Noite Cinderela", de Carolina Bianchi y Cara de Cavalo/Metro Gestão Cultural. O primeiro capítulo da trilogia "CADELA FORÇA", da encenadora e autora brasileira, move-se por camadas de temporalidades. Com o seu coletivo, Cara de Cavalo, cria uma viagem para um abismo, um buraco no meio do deserto, um mergulho num copo de bebida de violação: uma descida ao Inferno.

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Quintas de Leitura de regresso ao Campo Alegre

A 24 de outubro, a primeira sessão das Quintas de Leitura da nova temporada, "O poema foi ao médico dos olhos", conta com Mia Tomé, Sandra Salomé, Isaque Ferreira e Rui Spranger. Dia 14 de novembro será sob o tema "Bebe pouco leite a poesia portuguesa" e dia 19 de dezembro, "Os poetas adoram massagens".

Relação com estruturas da cidade

O mês de outubro começa com a estreia de "CLASSIFIED", de José Nunes/ Estrutura, dias 4 e 5, que parte de um elemento autobiográfico do criador do espetáculo: o sonho de, um dia, vir a representar o papel de James Bond.

De 11 a 20 de outubro, o Rivoli e o Campo Alegre abrem as portas ao FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto. Destaque nesta edição para a estreia de "Aruna e a arte de bordar inícios", de Ainhoa Vidal, "Lullaby for Scavengers", de Kim Noble/CAMPO, e "In many hands", de Kate McIntosh.

Em novembro, de 19 a 23, a Festa do Cinema Francês realiza-se no Rivoli. E o TMP acolhe mais uma Mostra Estufa, em parceria com a Erva Daninha, dias 29 e 30, no Campo Alegre, e contará com as estreias de "Chapitre 2: ainsi rugissent les fleurs", de Cirque Lambda, "Quem anda ao sol", de Felipe Contreras & Miguel Brás, e "Cafelina", de Merlina.

Em dezembro, dias 13 e 14, destaque para Tetralogia das Estações "Noite de Verão" e "Noite de Inverno", de Luís Mestre/Teatro Nova Europa, no Rivoli. Paralelamente será lançado o livro "Tetralogia das Estações", no TMP Café.

Nesta temporada 2024/2025 mantêm-se as parcerias com a Medeia Filmes, a Instável – Centro Coreográfico com o ciclo Palcos Instáveis, o Curso de Música Silva Monteiro com o ciclo Novos Talentos, e com Amplificasom, Lovers&Lollypops e Matéria Prima no Understage.

Os bilhetes para os espetáculos da temporada 2024/2025 já estão disponíveis, nas bilheteiras do Teatro Rivoli e do Teatro Campo Alegre, e online. Toda a agenda de espetáculos está disponível em anexo.

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