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União, asseio e criatividade são o segredo das melhores entradas da cidade

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Uma boa relação com os vizinhos, um espaço sempre limpo e uma pitada de originalidade são os ingredientes que asseguram uma entrada vencedora, garantem Jorge, Teresa e Maria Rosa. Os moradores dos bairros do Carvalhido, Campinas e Lordelo receberam, esta segunda-feira, das mãos do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o prémio do concurso "Melhor Entrada", mostrando que o espírito de comunidade está bem vivo.

Na segunda edição do concurso municipal "Melhor Entrada", os campeões foram o bloco A do Bairro do Carvalhido, a entrada 52, do bloco 31, do Bairro de Campinas, e a entrada 56, do bloco 14, do Bairro de Lordelo. Os vencedores mostraram que preservar os espaços comuns tem valor e merece ser distinguido, tal como notou o presidente da Câmara.

"Este envolvimento aumenta o sentimento de pertença. Quando falamos com estas pessoas, percebemos que há um sentimento de pertença. Em cada uma destas entradas, as pessoas conhecem-se, ajudam-se e compartem, muitas vezes, angústias”, assinalou Rui Moreira, que visitou as três entradas vencedoras na companhia do vereador da Habitação, Pedro Baganha, e do cantor Pedro Abrunhosa.

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No Carvalhido, os moradores do bloco A não podiam estar mais orgulhosos da distinção. Jorge Correia, gestor da entrada vencedora, conta que não esperava que a candidatura ao concurso "tomasse estas proporções".

Temos a entrada sempre maravilhosa, toda a gente que passa aqui vem sempre ver

"Depois de recebermos a carta a avisar que isto ia acontecer, preocupei-me em avisar os vizinhos. Fui casa a casa e pedi que cada um deles escrevesse uma coisinha sobre a nossa entrada. E isso foi muito importante. Cada um escreveu um bocadinho, aquilo que achava da vizinhança, das limpezas, dos canídeos. Retirei tudo destas pequenas coisinhas e fiz uma carta só. Enviei para lá [empresa municipal Domus Social] e aconteceu", explicou, mostrando-se orgulhoso de que o esforço coletivo tenha resultado numa distinção por parte do Município.

No Bairro de Campinas – o maior e mais povoado da cidade –, Teresa Ribeiro garante que a vitória assenta não só na união entre moradores, como também na organização do espaço onde todos habitam. "A gente fala todas umas com as outras, não brigamos, pedimos às pessoas para não abrirem a porta, somos uma entrada muito limpa, enfeitamos tudo, no Natal, no São João e na Páscoa. Temos a entrada sempre maravilhosa, toda a gente que passa aqui vem sempre ver", referiu a gestora da entrada.

Foi manter a nossa entrada limpa e darmo-nos bem com toda a gente

Também Maria Rosa Sousa, moradora no Bairro de Lordelo desde 1978, acredita que os vínculos entre vizinhos e o sentimento de pertença são as peças chave para a vitória no concurso municipal. "Aqui foi sempre tudo uma família. Nunca houve arrelias com ninguém", vincou, explicando que o processo de candidatura ao concurso "Melhor Entrada" foi simples.

"Foi manter a nossa entrada limpa e darmo-nos bem com toda a gente e mais nada. Fiquei surpresa de ganharmos porque não fizemos nada de especial. Eu nem queria acreditar", exclamou a gestor da entrada, contando ainda: "Há muita gente que passa aqui e me diz 'ai quem me dera morar na primeira entrada'".

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Pelo segundo ano consecutivo, a iniciativa, que surgiu no âmbito do programa ConDomus, promoveu a organização das entradas dos edifícios públicos, aproximando-se daquilo que acontece num condomínio.

Como explicou o vereador da Habitação, "foram selecionados três bairros como potenciais candidatos, tínhamos mais de 100 entradas, que, potencialmente, podiam concorrer a este concurso e tivemos perto de 50 que concorreram".

Para participar, "os gestores e os vizinhos tinham de se organizar, fazer uma reportagem fotográfica, uma pequena memória descritiva e com base nesses elementos foram escolhidas três entradas em três bairros distintos", esclareceu Pedro Baganha, que também acompanhou a entrega de "uma lembrança muito simbólica, que reconhece o esforço que todos os vizinhos têm na manutenção de um espaço que também é deles".

Deus fez o homem, mas também fez o vizinho. E o vizinho é a salvação do homem

Entre abraços e selfies, o cantor Pedro Abrunhosa também visitou as melhores entradas dos bairros municipais, depois de ter integrado o júri do concurso, devido à sua profunda ligação à cidade do Porto.

Enquanto jurado, o artista expressou que "a escolha foi feita pelas fotografias, que já revelavam um cuidado extremo", mas também "por esta capacidade poética que os portuenses têm de se identificar com os locais".

"Os bairros do Porto são uma forma de memória viva e de projeção de futuro. Aqui está o futuro da cidade, esta ligação entre os portuenses que aqui vivem é uma ligação profunda, sociológica. Nós estamos a assistir aqui a conversas muito interessantes. Deus fez o homem, mas também fez o vizinho. E o vizinho é a salvação do homem. Sem os vizinhos não somos nada", frisou Pedro Abrunhosa.

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Os residentes das entradas premiadas receberam convites duplos para eventos nas salas de espetáculo da cidade, cedidos pela empresa municipal Ágora e pelo Coliseu do Porto, e um vaso de flores impatiens, popularmente reconhecidas como "marias-sem-vergonha", oferecido pelo Viveiro Municipal.

Além disso, a cada gestor de entrada foi entregue um troféu e selo de qualidade para colocar na porta de entrada do seu edifício. Foi ainda oferecida uma t-shirt para que os moradores possam "vestir" o orgulho de serem gestores de uma das "melhores entradas" dos bairros municipais.

Os critérios estipulados no regulamento do concurso incluíram a limpeza e organização do espaço de uso coletivo, o estado de conservação das partes comuns e o cumprimento das regras das zonas comuns. Contaram ainda para decisão, as cartas de motivação redigidas pelos gestores das entradas finalistas.