Cultura

União Negra das Artes promove programa comemorativo de Abril no DDD

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Para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, o DDD – Festival Dias da Dança convidou a União Negra das Artes (UNA) a imaginar um programa específico para o dia. Um almoço-conversa, uma caminhada e uma instalação compõem "Ancestralidade, Ação e Imaginação".

O programa proposto terá três momentos, a partir dos quais o coletivo propõe uma reflexão sobre as artes, a cidade, as corporalidades, os discursos e as programações enquanto possibilidades de criar novas narrativas e formas de imaginação.

Amanhã, o dia começa às 12 horas com um almoço-conversa, na Mamuila Filó. Aqui, pretende-se refletir sobre o passado, presente e futuro, promovendo uma conversa com Wura Moraes, Ana Cristina Pereira (aka Kitty Furtado), Piny, Djuzé Neves e José Sérgio — cujas práticas orbitam em torno do mapeamento.

Para a UNA, importa refletir e contextualizar a necessidade da persistente luta pela inclusão e representatividade em diferentes setores, ressaltando de que modo a ausência de dados étnico-raciais oficiais constituem uma barreira a criação de medidas afirmativas e de reparação. Este momento contará ainda com interpretação em língua gestual portuguesa.

A conversa será acompanhada de um almoço que inclui pastel cabo-verdiano, cachupa e moamba. A entrada é gratuita, mediante levantamento de bilhete no próprio dia.

"Rota de Fuga"

O segundo momento, marcado para as 16 horas, é uma caminhada denominada "Rota de Fuga". Serão observadas pontes, ruas e casas, "mas que quase nunca servem as mãos e mentes negras que as ergueram", explica a UNA, que questiona ainda: "Onde estão as pessoas negras na toponímia, nos monumentos, nos cemitérios?".

A proposta para este momento é "caminhar nos passos de quem caminhou antes de nós" e ser uma ponte de diálogo entre a comunidade e os seus estabelecimentos, contribuindo para a visibilidade da negritude na cidade do Porto.

A caminhada será audioguiada, através de testemunhos e diálogos, pelo que se aconselha às e aos participantes que tragam telemóvel e auriculares — para quem não tiver, serão distribuídos dispositivos da organização. A participação neste momento é livre, basta aparecer na Mamuila Filós, às 16 horas.

A caminhada culmina com a instalação de Fayxka e Maya Maiato, na Circolando – Central Elétrica, marcando o final do evento da UNA nesta edição do DDD, também com entrada livre.

UNA não esquece artistas negros

A instalação, com abertura prevista para as 18h30, pretende ser uma experiência imersiva que irá imaginar caminhos, projeções, raízes, criação de novos futuros, partindo da tridimensionalidade projetada.

Desta forma, é assim que esta peça encerra a participação da UNA no DDD 2024: projetando a presença de artistas negras e negros no futuro que se quer para as artes. Para celebrar este dia, DJ set de Soundpreta.

A UNA foi fundada em abril de 2021 e, desde então, tem-se dedicado a impulsionar o automapeamento de profissionais negras nas artes em Portugal. Este ato de automapeamento pretende ser um gesto político inserido na luta antirracista, que visa transformar não apenas o campo artístico, mas a sociedade em geral, ampliando práticas mais democráticas nas estruturas de poder, que perpetuam a exclusão de artistas e outros profissionais negros.

O DDD decorre até 5 de maio e toda a programação pode ser descoberta aqui.