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Investigadores da FMUP alertam para riscos de injeções para rejuvenescimento facial

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Filipa Brito

Uma investigação desenvolvida na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e coordenada por Marisa Marques, docente na mesma faculdade e especialista em Cirurgia Plástica, alerta para os riscos de injeções com "fillers" para rejuvenescimento ou harmonização facial.

Durante o trabalho foram analisados dados de mais de 9.600 pacientes (94% mulheres) e mais de 9.800 procedimentos com "fillers", em diferentes países. A esmagadora maioria dos preenchimentos (99%) foi feita com ácido hialurónico, a substância mais usada a nível mundial e a mais segura. No entanto, as injeções podem resultar em complicações graves, como cegueira, infeção, perda de pele e cicatrizes.

Os investigadores verificaram que 701 pacientes desenvolveram uma ou mais complicações relacionadas com o procedimento, num total de 1.116 complicações, sendo que 750 ficaram a dever-se a oclusão vascular, o que significa que o produto foi aplicado num vaso sanguíneo, levando à obstrução do fluxo do sangue e à morte das células.

Apesar de mais de dois terços dos pacientes com complicações terem recuperado completamente, houve quem tivesse ficado com sequelas graves, sendo a mais frequente a perda de pele do rosto. Dos 153 pacientes que perderam a visão, apenas três a recuperaram.

Consciência dos riscos associados

"Cerca de 21% dos pacientes com complicações ficaram com cicatrizes na face, com défices significativos na visão ou mesmo cegos", indica Marisa Marques, citada no site da Universidade do Porto (U.Porto).

Face a estas conclusões, a equipa da FMUP quer que exista uma maior informação ao público sobre os riscos envolvidos. "É fundamental que as pessoas estejam conscientes dos riscos associados a estes procedimentos, que são muitas vezes publicitados nas redes sociais como fáceis e isentos de riscos, o que não é verdade", alerta Inês Sousa, estudante da FMUP, que concluiu o Mestrado Integrado em Medicina com este trabalho.

Marisa Marques garante ser "imperativo" que estes procedimentos sejam efetuados por médicos, mas apenas pelos médicos que estão qualificados para tal, isto é, que tenham formação nesta área ou uma competência homologada. Nesse sentido, a professora da FMUP considera que as autoridades de saúde têm de fazer "uma fiscalização mais apertada" aos locais onde os "fillers" são injetados e aos profissionais que os aplicam, de modo a garantir a segurança dos pacientes.