Sociedade

Volta ao mundo em 365 dias com as melhores fotos da agência Lusa

  • Paulo Alexandre Neves

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Mais de 160 páginas, 228 fotos e uma dúzia de textos dos profissionais da agência Lusa contam a história de 2023: do assalto ao Congresso do Brasil à Jornada Mundial da Juventude, da guerra entre Israel e o Hamas à demissão de António Costa, passando pelos protestos de professores e médicos, pela crise na habitação ou as catástrofes naturais em Portugal e pelos sismos em Marrocos e na Turquia. Também lá se encontram os êxitos desportivos, várias atividades culturais, as frases que se destacaram e uma cronologia dos principais acontecimentos do ano.

O Anuário da Lusa, já na sua 11.ª edição, foi, esta quinta-feira, apresentado nos Paços do Concelho. Paralelamente, abre, hoje, ao público uma exposição alargada de cerca de 35 fotos, que vai estar patente, durante duas semanas, na Câmara Municipal do Porto. Inclui uma retrospetiva das fotografias das capas das 10 edições anteriores e algumas de anos anteriores, bem como 15 relativas ao ano passado.

"Nunca é demais sublinhar a importância da Lusa para a atualidade informativa e o debate público, para a promoção da cidadania ativa e esclarecida, para a defesa da língua e da cultura portuguesas", afirmou o presidente da Câmara do Porto, durante a apresentação do livro.

"Informação deve ser protegida pelas instituições democráticas"

De acordo com Rui Moreira, o jornalismo português distingue-se "pela qualidade generalizada dos seus profissionais", de que a Lusa é um bom exemplo. "Um jornalismo responsável, plural, independente e atento ao que se passa no país e no mundo", disse.

Uma qualidade que, infelizmente, disse, "contrasta com a precariedade laboral e os baixos salários de muitos jornalistas e fotojornalistas deste país". Rui Moreira não esqueceu a grave crise por que passam os media portugueses: "Aproveito esta oportunidade para manifestar, uma vez mais, a minha preocupação com a situação da Comunicação Social em Portugal".

"Que não haja dúvidas: a informação é um bem público e por isso deve ser devidamente protegida pelas instituições democráticas e pela sociedade em geral", frisou.

Num tom mais pessoal, e como "amante de fotografia", Rui Moreira confessou que, folhear o Anuário da Lusa, é "uma alegria e um prazer imenso". "É notável a forma como os fotojornalistas da Lusa conseguem conciliar pertinência informativa, preocupação social e beleza estética nas suas fotografias", concluiu.

D. Américo Aguiar contra o cidadão jornalista

Quem também se pronunciou sobre o período conturbado que vive o setor da comunicação social em Portugal foi o cardeal Américo Aguiar, que se insurgiu contra o "cidadão jornalista", "uma coisa muito perigosa" para todo o sistema.

Convidado a apresentar o Anuário da Lusa no Porto, editado pela Alêtheia, o bispo de Setúbal garantiu que é necessária uma comunicação social sustentável e livre. "Respeito quem aprecia o cidadão jornalista, mas eu não aprecio porque é uma coisa muito perigosa. Não podemos esquecer que a tarefa do jornalista e do fotojornalista implica um código deontológico, ou seja, eu confio que aquele profissional tem regras, tem limites, tem linhas vermelhas e que a sua intermediação em me fazer chegar a realidade é peneirada coisa que, se não existir, ficamos sujeitos à avalanche das 'fake news' [notícias falsas]", afirmou.

Sublinhando que a sustentabilidade dos meios de comunicação social está atualmente em causa, D. Américo Aguiar frisou que é preciso encontrar novas formas de financiamento. "O problema é que enquanto não refletirmos e enquanto não encontrarmos a solução quem sofre são sempre os mesmos, ou seja, os trabalhadores, sendo a situação em alguns órgãos de comunicação social muito dolorosa", acrescentou.

Anuário com ligações a conteúdos digitais

Durante a cerimónia usaram também da palavra o presidente do conselho de administração da Lusa, Joaquim Carreira, que focalizou a sua intervenção na importância da agência de notícias nacional – "é importante que seja mais conhecida e o trabalho que faz", disse – e a diretora editorial da Alêtheia, Alexandra Louro, para quem a parceria com a Lusa "é para continuar".

Além de um grafismo renovado, o Anuário tem ligações a conteúdos digitais, como uma cronologia bilingue e o vídeo do ano de 2023 da Lusa, que podem ser lidos e vistos através de QR Codes. Pelo terceiro ano consecutivo, o livro é comercializado, tanto ‘on-line’ como nas livrarias, numa versão bilingue, português e inglês, pela Alêtheia Editores.

A par da apresentação do anuário decorre, a partir de hoje e até 1 de março, nos Paços do Concelho, uma exposição da Lusa com cerca de 35 fotos e uma retrospetiva das 10 edições anteriores. Esta quinta-feira arrancou uma outra exposição, em modelo itinerante, patente na Fnac de Santa Catarina, no Porto, e que terminará, em janeiro de 2025, no Algarve.