Conselho Municipal de Economia debateu os desafios económicos da crise geopolítica
Porto.
Notícia
Os desafios económicos colocados pela crise geopolítica estiveram esta manhã em análise na reunião do Conselho Municipal de Economia/Casa dos 24. Também os constrangimentos à cadeia logística global, a inflação e a sustentabilidade da dívida foram abordados pelos conselheiros.
O vereador da Economia, Emprego e Empreendedorismo começou por fazer a apresentação “Desafios Económicos 2022: Cadeia Logística Global, Inflação e Crise Geopolítica, Sustentabilidade da Dívida”, com a qual abordou as principais questões que estão a constranger o crescimento do comércio mundial.
“António Horta Osório falou da redução das taxas de crescimento [na cerimónia de abertura da QSP Summit]”, lembrou Ricardo Valente, referindo que as principais entidades – FMI, OCDE e Banco Mundial – coincidem nas previsões de abaixamento do crescimento.
Aludindo à disrupção das cadeias de valor, o vereador sublinhou que “o impacto último é a inflação. E começa a ser presença em muitos países europeus a inflação de dois dígitos”, acrescentou.
“A crise geopolítica provoca uma aceleração da inflação e tem um impacto muito grande nos custos da energia e alimentação. Este impacto vai refletir-se no rendimento disponível das famílias”, prosseguiu Ricardo Valente, notando ainda que a subida do custo de capital na economia como um todo terá implicações para a sustentabilidade da dívida.
O presidente da Câmara do Porto deu exemplos práticos dos desafios económicos que se colocam presentemente, da falta de semicondutores à questão ambiental, com a perspetiva de reativação de centrais a carvão na Europa. O impacto nas contas do município será baixo, previu Rui Moreira, explicando as razões para tal: “Tivemos a política da formiga, estamos protegidos. Mas terá efeitos em toda a economia da cidade, com as consequências sociais que daí decorrem.”
“Tínhamos esperança que o Plano de Recuperação e Resiliência fosse diferente, mas é uma boia de salvação acompanhada de investimentos faraónicos. Há uma apropriação pelo Estado central de verbas na educação”, lamentou o autarca, acrescentando que a transferência de competências acrescenta despesa ao orçamento.
“O impacto a médio prazo preocupa-me, e não vemos medidas que contribuam para uma reativação da economia. O que vamos ouvindo no dia-a-dia é a obsessão do centralismo”, concluiu.
Os conselheiros concordaram que o cenário macroeconómico é desfavorável, mas que a situação também oferece algumas oportunidades, dando nota que as empresas começam a perceber que têm de relocalizar os seus serviços para localizações próximas. Foi sublinhado o talento que a região oferece em áreas diversas, tendo sido opinião unânime que existem oportunidades para aproveitar.
Sem esquecer que a cidade deve interagir com a região, não deve fechar-se sobre si mesma, teceram-se críticas ao centralismo.
O Conselho Municipal de Economia/Casa dos 24 ainda abordou brevemente o PULSAR — Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico do Porto, com Rui Moreira a endereçar ao ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Fernando Freire de Sousa, o convite para liderar a equipa de missão que será responsável pela implementação desta estratégia.