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Conversas Sub 30: "No padel, quero chegar ao top 10 mundial feminino", confessa Catarina Vilela

  • Paulo Alexandre Neves

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Andreia Merca

Catarina Vilela já foi campeã nacional de padel e, atualmente, ocupa o número 135 do ranking internacional feminino. Quer chegar ao top 10, mas sabe que o percurso para lá chegar não é fácil. Antes tinha tentado singrar no ténis muto por influência do seu avô, o tenista José Vilela, cinco vezes campeão nacional. Faz parte do programa municipal de apoio a atletas de alto rendimento. Por isso, é com orgulho, garante, que leva o nome da cidade aos quatro cantos do mundo.

A tua carreira desportiva começou pelo ténis. Alguma vez arrependeste-te de o ter deixado?
Não, acho que não. Gostei muito. Deu-me muitas bases, que trouxe para o padel. O meu tempo no ténis foi suficiente e sinto que tive a pausa ideal para fazer a transição para este desporto. Arrependida não. Continuo a adorar ver ténis. Ainda agora está a decorrer um torneio do Grande Slam [Open da Austrália] e vejo os jogos com muita euforia.

Porquê o padel? Porque está, agora, na moda ou por igual paixão há que tinhas no ténis?
Fui indo para o padel às escuras. Foi uma amiga que me convidou porque estava sem fazer nada. Sugeriu-me, por brincadeira, experimentar o padel. Quem praticou desporto a vida toda e, principalmente, desportos de raquetes cativa ainda mais. Por isso, foi um gosto que adquiri logo com as primeiras pancadas.

Essa tua paixão pelas raquetes é familiar. Alguma vez imaginaste praticar outro desporto que não o ténis ou, mais recentemente, o padel?
Nunca. O ténis foi-me muito incutido desde pequena. Já pratiquei outros desportos, mais por brincadeira, como a natação, mas nunca me cativaram o suficiente, como no ténis e no padel. O meu avô jogou e o amor pelas raquetes foi passando de geração em geração.

Agora, padel e ténis já são amigos

O fascínio do avô ainda se mantém agora que vê a neta praticar padel?
No início foi mais difícil. O padel tirou muita gente ao ténis. Agora, padel e ténis já são amigos. Mas, sim, ele vibra muito com as minhas vitórias e tudo o que tenho feito ao longo da carreira.

Notaste grandes diferenças entre os dois desportos?
A raquete é completamente diferente, a forma como se pega nela. O ténis não tem vidros, ao contrário do padel. Parecendo que não, e quando queremos explicar o que é o padel, dizemos que é muito parecido ao ténis e ao squash, mas, depois, quando se joga de verdade consegue-se perceber mesmo que há muitas e grandes diferenças.

Até onde chegaste no ténis?
Fui vice-campeã nacional de pares e, por diversas vezes, campeã regional. Cheguei a representar a seleção nacional. A nível internacional consegui ir a alguns torneios e fazer quadro principal, mas nunca fui tão longe como, agora, com o padel. No ITF (Women’s World Tennis Tour), ou seja, no ranking mundial feminino não foi algo assim tão considerável que nem me lembro a melhor posição que tive (risos).

No dia em que deixar de sentir felicidade e bem-estar deixarei de jogar

Até onde queres chegar no padel?
Quero chegar muito longe. Para já ao top 50 mundial. É um objetivo mais em conta, mas, como toda a gente que ambiciona algo no mundo do desporto, quero chegar ao top 10 mundial, entrar nos torneios mais importantes, conseguir um pódio pela seleção nacional no Mundial da modalidade, ser novamente campeã nacional. É algo que me dá muito gosto. Basicamente, quero chegar muito longe. O padel está a ter uma mudança muito grande. Havia três circuitos internacionais femininos e, agora, resta um. Está a ser uma transição muito grande. A nível de pontuação, quem não tem pontos, como eu, é muito difícil somá-los. Está a ser uma luta ponto a ponto.

[Em Portugal, Catarina Vilela é, atualmente, a número dois do ranking, liderado por Ana Catarina Nogueira. Em termos internacionais ocupa a posição 135]

O que é que o desporto te deu ou te tirou relativamente a outras atividades pessoais?
Quando temos esta vida profissional abdicamos muito do tempo familiar, com amigos, de férias, programas sociais. Não temos, propriamente, folgas, por causa dos torneios aos fins de semana. O que me deu? Muita disciplina, resiliência, bons hábitos. Traz-me muita felicidade e bem-estar. É isso que me faz estar aqui porque no dia em que deixar de sentir isso deixarei de jogar.

Que significado tem fazeres parte do programa municipal de apoio a atletas de alto rendimento?
Representar a nossa cidade em todos os torneios em que entramos ou em todos os campos que pisamos é um orgulho enorme. É bom trazer a bandeira nacional, mas também a da cidade onde nasci e vivo. O apoio financeiro é também uma ajuda enorme para conseguirmos levar a nossa carreira mais adiante. É uma iniciativa muito boa.

Simbolizo muito o Porto a família

Há tempo para disfrutar da cidade?
Tenho muita sorte. Vivo numa zona com bons acessos. Consigo, muito facilmente, ir à praia ou, se quiser, estar, num instante, no centro da cidade. Consigo desfrutar plenamente. Entre um treino e outro vou, muitas vezes, a pé e consigo apreciar a cidade e as belezas que ela possui.

E ela ainda te surpreende?
Claro que sim. Quando olhamos para os turistas e eles estão a apreciar a cidade nem damos conta das suas belezas, por causa do dia a dia. Mas, quando paramos e vemos o que eles veem, percebemos que a nossa cidade tem belezas inacreditáveis. Por exemplo, eu e o meu avô dizemos que a Rua de Diu é das mais bonitas da cidade porque quando a descemos, com as árvores em redor e o mar ao fundo, torna-se fascinante.

Lanço um desafio de gostos por cidades: trocarias o Porto por….
Nada. Gosto demasiado do Porto e do que nos dá: a comida, a simpatia das pessoas. Os nortenhos são pessoas acessíveis, carinhosas e dadas aos outros. Trocar só se for muito necessário.

Este é o teu refúgio diário (Douro Padel)?
Neste momento é onde passo mais tempo, onde venho todos os dias. Aqui, treino cerca de 4/5 horas por dia. É quase a minha segunda casa: onde trabalho e onde estão as pessoas que, diariamente, me acompanham e acolhem.

O que é o Porto para ti?
Vou tentar não ser óbvia (risos) só para não dizer que é a minha casa. Simbolizo muito o Porto a família. Quando estou fora quero muito voltar para o Porto porque é onde está a minha família. Por isso, associo muito o Porto a família.