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Domus Social realiza obra de conservação no edifício dos Ateliers da Lada

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A empresa municipal Domus Social finalizou, recentemente, uma obra de conservação no edifício dos Ateliers da Lada. O projeto da intervenção, com principal foco na manutenção da cobertura, foi desenhado por Virgínio Moutinho, autor do projeto original da construção. "Plantei árvores, fiz filhos e fiz uma obra, entre outras, de que me orgulho", partilha o arquiteto.

A obra de conservação, cujo investimento rondou os 265 mil euros, permitiu, sobretudo, melhorar as condições da edificação e o respetivo grau de habitabilidade.

O principal traço desta intervenção foi a manutenção do plano horizontal da cobertura. Durante a execução dos trabalhos, a superfície foi intervencionada "de forma a ter um pouco mais de espessura para poder fazer inclinações mais compatíveis com as áreas a drenar", explica Virgínio Moutinho, arquiteto e autor do projeto. "Aumentámos a cobertura, em altura, quase 40 centímetros", acrescenta, sublinhando o aspeto notório da alteração.

Neste âmbito, foram aumentadas as pendentes dos planos de escoamento e das condutas pluviais, sendo, ainda, adicionado um sistema de escoamento de emergência no bordo sul da cobertura.

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Preservando a imagem e integridade formal da construção, a obra de conservação realizada no edifício dos Ateliers da Lada criou, assim, melhores condições de drenagem da cobertura e garantiu uma boa estanquidade de toda a edificação.

Ao mesmo tempo, a intervenção figurou uma oportunidade para atualizar o edifício, que compõe, há cerca de três décadas, a paisagem arquitetónica de uma das mais emblemáticas entradas da cidade do Porto, nomeadamente, através da substituição de alguns materiais por outros com maior durabilidade e performance.

O edifício dos Ateliers da Lada está localizado em pleno centro histórico, próximo à Ponte Luís I e junto ao Túnel da Ribeira, e foi construído por ocasião do Porto Capital da Cultura 2001. Na época, o projeto de construção, também desenhado pelo arquiteto Virgínio Moutinho, recebeu o Grande Prémio na terceira Trienal de Arquitetura de Sintra (1998) e um elogio de Kenneth Frampton, arquiteto e nome de referência no setor.

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Felizmente, a Câmara do Porto percebeu a importância deste edifício. (...) Apetece-me pensar que há uma coisa que vou deixar, que será lembrada, e que não passei aqui em vão. Este é um filho querido

"A origem da obra foi fazer uma espécie de um pórtico de entrada na cidade. E, ao mesmo tempo, era uma obra que rematava uma ferida que havia, aqui, pela abertura do túnel e pelas demolições que foram feitas ao longo do século XX", recorda Virgínio Moutinho, com o mesmo sentimento de "regresso ao passado" que sente quando cria, atualmente, um brinquedo ou uma escultura.

"Felizmente, a Câmara do Porto percebeu a importância deste edifício", partilha o arquiteto, designer e escultor, concluindo: "Apetece-me pensar que há uma coisa que vou deixar, que será lembrada e que não passei aqui em vão. Plantei árvores, fiz filhos e fiz uma obra, entre outras, de que me orgulho. Este é um filho querido. Foi muito bem tratado pela Câmara do Porto, pela Domus Social, pelas pessoas que estiveram envolvidas num conjunto de boas vontades, de carinho e de competência que eu quero deixar aqui louvado".

O edifício dos Ateliers da Lada foi concebido, na sua génese, para acolher artistas plásticos em residência. Hoje, cumpre a sua missão original, enquanto núcleo central dos Ateliers Municipais do Porto, disponibilizando quatro espaços de trabalho com rendas acessíveis e diferentes dimensões, pelo período de dois anos, a artistas visuais individuais e coletivos de artistas que desejem desenvolver a sua prática na cidade. Os Ateliers Municipais do Porto são geridos pela empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto do Porto.

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