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Festival WOMEX despede-se do Porto após cinco dias de grande comunhão musical

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A edição 2021 do festival de músicas do mundo WOMEX despediu-se neste domingo da cidade do Porto. O Teatro Rivoli foi o palco escolhido para acolher a sessão de encerramento, pontuada pela entrega dos WOMEX Awards. O Grande Auditório Manoel de Oliveira teve lotação esgotada.

Passados cinco dias em que música dos cinco continentes invadiu a cidade do Porto, a despedida, numa manhã de outono cinzenta e invernosa, contrastou com o ambiente caloroso que se fez sentir no Rivoli.

“Foi um enorme desafio voltarmos a reunir presencialmente depois da pandemia”, destacou, no arranque da cerimónia, Gaurav Narola, da organização mundial do WOMEX 2021.

“Depois de termos realizado uma edição online, a partir de Budapeste, no ano passado, voltar ao formato habitual, tendo em conta as circunstâncias inerentes a uma pandemia à escala global, foi um desafio superado”, assumiu, perante um coro de aplausos dos profissionais do setor.

A comprovar isto mesmo, os números divulgados pela organização: nesta edição marcaram presença mais de 260 artistas de todo o mundo, 520 editoras e distribuidoras, 400 instituições governamentais e educacionais, 800 agentes, mais de 610 gestores e 300 produtores, que se vão juntar a cerca de 1250 empresas vindas de mais de 50 países.

E nem mesmo a passagem de testemunho para a cidade que acolhe o evento em 2022 foi esquecida. Diogo Moura, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, presente na sessão de encerramento, assumiu o grande desafio que será Lisboa acolher um evento desta dimensão mediática, tendo prometido que vai estar tão bem preparada como o Porto esteve, ao receber “exemplarmente” a edição deste ano.

WOMEX Awards

Precedida pela última oportunidade de networking entre os participantes do WOMEX 2021 no Teatro Rivoli, a sessão de encerramento teve o seu ponto alto na entrega dos WOMEX Awards, que havia de premiar as 20 editoras mais influentes de 2021 na área da world music.

Assim, foram galardoadas a Glitterbeat Record (Alemanha), ARC Music (Reino Unido), Buda Musique (França), Nø Førmat! (França), Ajabu! (Suécia), Kirkelig Kulturverksted (Noruega), Nordic Notes / CPL Music (Alemanha), World Music Network / Riverboat (Reino Unido), World Circuit (Reino Unido), Karrot Kommando (Polónia), Analog Africa (Alemanha), Fonó Records (Hungria), Crammed Discs (Bélgica), Galileo MC (Espanha/Alemanha), Segell Microscopi (Espanha), Les Disques Bongo Joe (Suíça), Ponderosa Music & Art (Itália), Indies Scope (República Checa), Kasba Music (Espanha) e a Otá Records (Estados Unidos da América).

Em comum, o “papel essencial na divulgação da música de raiz tradicional a nível mundial”, sublinhou a apresentadora Jo Frost, que, em dupla com André Marmot, deixou um elogio à organização exemplar do evento no Porto.

O Prémio de Excelência Profissional foi atribuído à plataforma Global Music Match, criada em plena pandemia e que permitiu, neste período, uma interação assídua entre músicos de todo o mundo.

Já o último prémio destes WOMEX Awards, o de Melhor Artista 2021, foi uma das mais conceituadas cantoras curdas a residir na Turquia: Aynur.

No seu repertório está bem presente a defesa pela afirmação da mulher. “A minha música é um lamento”, referiu a artista, logo após receber o prémio no palco do Rivoli. “É o lamento de um país, das suas gentes, das suas mulheres”.

O público aplaudiu de pé, perante a emoção de uma cantora que promete não calar a sua voz, levando-a mais além e fundindo-a com outros estilos musicais, como o jazz e a folk, marcas dominantes da sua discografia.

“Sabiam que foi aqui, há 10 anos, precisamente no Porto, que conheci a Aynur?”, lançou Ton Maas, radialista holandês e um dos grandes impulsionadores da chamada “world music” nos meios de comunicação da Europa.

Aynur cantou alguns temas, no final, a fechar a festa de celebração da música, do Porto para o Mundo.