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Histórias da Cidade: Rua de São João, um dos grandes exemplos do "período almadino"

  • Paulo Alexandre Neves

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Nas deambulações pela cidade, muitos, certamente, já a calcorrearam. Nem que seja por ser íngreme e exigir algum esforço físico. Por ela já passou muito da história da cidade, a partir do século XVIII. Estamos a falar da Rua de São João, em pleno centro histórico.

Aberta entre 1765 e 1768, por João de Almada e Melo (primo de Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal), constitui, com a Praça da Ribeira, uma das maiores operações urbanas, efetuada no chamado "período almadino" (dos Almadas), deixando até aos dias de hoje marcas na renovação do velho burgo e na configuração da nova cidade.

Sem autor que se conheça foi, conjuntamente com a Rua das Flores e a Rua do Almada, projetada para a construção do "grande eixo Norte/Sul", que, por essa altura, fazia expandir a cidade. No Arquivo Municipal do Porto existem vários documentos: por exemplo, com reprodução de uma planta da Rua São João, Praça da Ribeira e zona envolvente, com os nomes dos proprietários de algumas das casas.

O "grande eixo Norte/Sul"

O "grande eixo Norte/Sul" pretendeu dividir a cidade em duas partes. Compunha-se por três vias: a manuelina Rua das Flores, aberta em 1521, a Rua do Almada, localizada fora de muros, e a Rua de São João, dentro da cerca medieval.

João de Almada e Melo centra-se, inicialmente, no bairro do laranjal – Rua do Almada e Praça de Santo Ovídio – e, posteriormente, nas operações urbanas em zonas intramuros – Rua de São João, Praça da Ribeira, Praça de São Domingos -, a que se junta ainda o desenvolvimento dos arrabaldes da cidade – Rua de Santa Catarina, Rua Formosa, Rua do Carregal, Rua da Boavista, Rua de Cedofeita.

Para todas estas empreitadas contou com a ação da Junta de Obras Públicas (JOP), por si criada. Esta era uma espécie de gabinete de urbanização, que coordenava as obras públicas, sendo constituída pelo corpo da Câmara e presidida por um alto magistrado da administração central.

Agora, vai ser pedonal

Com uma inclinação próxima dos 10 por cento e mais de 200 metros de comprimento, a Rua de São João inseria-se, com a Rua das Flores, num eixo urbano com dois polos de grande atividade – a Ribeira, entrada da cidade pelo rio, e a Porta dos Carros, saída para Guimarães e Braga –, desviando o tráfego dos eixos Mercadores/Bainharia e Congostas. Unia dois centros nevrálgicos da cidade intramuros, as praças da Ribeira e de São Domingos.

Agora, a Rua de São João irá ganhar nova vida. A Câmara Municipal do Porto, através da empresa municipal GO Porto, decidiu torná-la pedonal. A intervenção, que já está a decorrer, visa a alteração superficial do arruamento, entre a Rua do Infante D. Henrique e a Rua de Mouzinho da Silveira, através do nivelamento da via e do estacionamento para a cota dos passeios, por levantamento e reassentamento do pavimento em calçada de granito.