Cultura

«Indelével Intermitência»

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Depois de «Prenúncio» e «Subway Life», o projeto Locomotiva apresenta a sua terceira exposição nos renovados Armazéns da Estação. «Indelével
Intermitência» reúne um conjunto de pinturas de Jorge Abade,
que refletem sobre o tempo e a sua suspensão.


SINOPSE

No viver há tempos em suspenso (feitos de durações
imobilizadas), tempos que não são parados ou congelados, que estão na
permanente iminência de acontecer. Conferem perenidade à finitude das durações
que os compõem, justamente no resgate dos próprios momentos banais em que se
fundeiam. Não se consegue prescindir do banal, resta transcende-lo através dele
próprio nas intermitências que o eternizam, mesmo quando é abominável. 


Uma pintura pode ser o lugar de encontro
de todos os caminhos que convergem para uma intermitência que se perpetua,
nessa medida é uma materialização de um tempo indelével que concentra tempos em
suspenso. Pede também, a quem dela partilha, uma disposição para um tempo
suspendido que lhe justifica finalmente a sua razão de ser. É um momento nos
caminhos, mas é caminho em si, basta-se para toda uma inteira existência.
 





O tempo de
suspensão para se ver uma pintura, numa estação de caminhos-de-ferro, é
anacrónico em relação aos tempos de suspensão banais nesse tipo de espaço: quer
dos que esperam, como dos que apressadamente se deparam com as banais
micro-suspensões que aí ocorrem constantemente. E estas pinturas, pela
aproximação e intimidade que requerem, chamam a uma suspensão mais pungente -
fazem um apelo a uma estreiteza íntima, interrompendo assim o normal caminhar e
transbordo para outro caminho, numa gare; afirmam estaticamente a sua
silenciosa e despretensiosa presença. É legitimamente esta a razão de ser para
que se encontrem aqui este conjunto de pinturas.


 


Inaugurada
a 7 de agosto, nos Armazéns da Estação de São Bento, a exposição de pintura
"Indelével Intermitência", da autoria de Jorge Abade,
estará patente até 21 de setembro e reúne um conjunto
de 16 pinturas do artista portuense, que reflectem sobre o tempo e a sua
suspensão.