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Inovação social passa por dar respostas mais eficazes e solidárias

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Empreendedorismo e inovação social estiveram em debate, esta quinta-feira, durante a terceira edição do "Summit Impacto Social: do Porto para o Mundo". Profissionais, académicos, estudantes e interessados naquelas duas áreas puderam abordar diferentes perspetivas, ao longo do dia. O encontro serviu também para dar a conhecer o trabalho que se desenvolve no que toca ao apoio ao empreendedorismo e inovação social, nacional e internacionalmente, através de painéis de debate, reflexão e apresentação de boas práticas.

Na sessão de abertura, o presidente da Câmara do Porto realçou o trabalho desenvolvido pelo município nesta área, já que tem sido "o principal dinamizador da Rede Social do Porto". "O 'Summit Impacto Social' é, aliás, um bom exemplo do nosso esforço para fomentar o networking entre os atores do terceiro setor. Queremos dar a conhecer os diferentes stakeholders locais, promover o debate e intercâmbio científico, partilhar boas práticas, divulgar projetos válidos, atrair mecenato e sensibilizar para o empreendedorismo social", frisou Rui Moreira, que estava acompanhado do vice-presidente, Filipe Araújo, do vereador da Coesão Social, Fernando Paulo, e do presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo.

"Inovação social é isto – é encontrar respostas mais eficazes, mais solidárias e mais sustentáveis para as situações de exclusão social. Devemos ser capazes de ir para além dos convencionais serviços de apoio social, introduzindo práticas e métodos inovadores de intervenção junto dos grupos carenciados", acrescentou.

Para o presidente da Câmara, "há que atacar as causas dos problemas sociais e não apenas os seus efeitos, de forma a provocar um verdadeiro impacto sistémico nas comunidades". Na sua opinião, "temos de saber prevenir os problemas sociais e evitar as situações de exclusão, ao invés de nos deixarmos ir a reboque das circunstâncias numa lógica puramente assistencialista ou caritativa".

"A inovação social é o caminho para uma mudança virtuosa no combate à exclusão social. Todos temos consciência de que os problemas sociais são cada vez mais desafiantes. Por isso, não nos podemos acomodar às velhas práticas. É preciso inovar – fazer diferente, fazer mais, fazer melhor por todos aqueles que ainda não têm uma vida digna", assegurou Rui Moreira.

A integração de migrantes e minorias étnicas, de pessoas em situação de sem-abrigo, de cidadãos portadores de deficiência, de crianças e jovens vulneráveis, de famílias carenciadas ou em risco de exclusão, de seniores com baixos recursos económicos, de vítimas de violência doméstica ou de discriminação de género é, segundo o autarca portuense, "uma tarefa colossal e que exige o melhor de nós – de todos nós".

Carta do Porto para a Inovação Social

No caso do Porto, o município tem procurado qualificar e dignificar o setor social, cada vez com um peso mais crescente na sociedade. Por isso, e de acordo com Rui Moreira, "estamos a trabalhar para melhorar as condições do nosso ecossistema de empreendedorismo e inovação social".

"Temos vindo a reforçar apoios e infraestruturas, a estabelecer parcerias público-privadas, a investir na capacitação das entidades e a promover o voluntariado. Tudo isto para que, em conjunto, possamos responder melhor aos desafios sociais da cidade", apontou.

Rui Moreira recordou, a propósito, que o Município do Porto foi pioneiro ao criar o primeiro Centro de Inovação Social do país. "Acreditamos que se tratou de uma decisão estrategicamente acertada e com externalidades muito positivas, em particular entre a população carenciada", disse. Coube, aliás, a este Centro a elaboração da Carta do Porto para a Inovação Social, apresentada em junho do ano passado.

O documento resultou de um processo de reflexão aberto e colaborativo, que contou com a participação de mais de 40 entidades dos setores público, privado, não-governamental e académico. Traduz o compromisso do município e dos seus parceiros com a construção de uma cidade mais solidária, mais inclusiva e mais inovadora.

A terceira edição do "Summit Impacto Social: do Porto para o Mundo", que decorreu numa unidade hoteleira da cidade, teve vários painéis de discussão, subordinados a temas do terceiro setor, tais como "a intervenção da administração local na inovação social", "boas práticas: a inovação social enquanto motor de transformação local", "a inovação social na resolução dos problemas sociais da cidade do Porto" e "preparar o futuro….". Todos eles contaram com a presença de responsáveis locais e internacionais.

Continuar a apostar no CIS

O vereador da Coesão Social, Fernando Paulo, encerrou o evento, relembrando que "todos queremos ser felizes individualmente, mas só podemos ser, verdadeiramente, felizes em comunidade, coletivamente". "A participação dos cidadãos é crucial na construção da cidade, desafiando todos a serem autores e construtores e criadores com todas as entidades, públicas e privadas, relembrando que, como afirma Paulo Freire, a 'educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas transformam o mundo'", acrescentou.

Fernando Paulo lembrou ainda que "os maiores desafios da Humanidade relacionam-se com as alterações climáticas, as questões demográficas - nomeadamente as do envelhecimento da população – e, sobretudo, as situações de pobreza e exclusão social. Sem esquecer que na atualidade a noção de saúde, felicidade e bem-estar estão no centro das preocupações das sociedades desenvolvidas, os projetos de inovação social podem desempenhar aqui um papel importante".

O vereador da Coesão Social deixou o compromisso político de continuar a apostar e investir no CIS – Centro de Inovação Social, porque "entendemos que há velhos problemas que persistem e cujas respostas precisam de ser alteradas, através da mudança de modelos de intervenção, e há problemas novos que exigem respostas inovadoras", concluiu.