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Presidente de Itália reconhece o Porto como "centro de primeira ordem"

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O Porto "soube transformar-se" e foi capaz de recuperar o estatuto de "centro de primeira ordem" no mapa europeu. É esta a perceção do Presidente da República de Itália, Sergio Mattarella, que hoje de manhã recebeu as Chaves da Cidade, a "homenagem maior do Porto às mais ilustres personalidades que o visitam", como sublinhou o presidente da Câmara, Rui Moreira. Os dois líderes enalteceram as relações históricas, projetadas no futuro, entre Itália e esta cidade.

Em sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal do Porto, o Chefe de Estado italiano elogiou a "cidade dinâmica que enveredou nos últimos anos por um percurso decidido de renovação e modernização da sua tradicional abertura ao mundo". Sem perder o fio das suas raízes e tradições culturais, soube "abraçar um projeto de desenvolvimento baseado na internacionalização, na investigação tecnológica e no saber fazer que representa o seu melhor património".

Graças ao rumo que tomou, o Porto "voltou a ser um centro de primeira ordem, tal como no século XIX, quando a sua Bolsa se tornou numa das mais importantes praças comerciais europeias" - recordou o Presidente italiano, acrescentando que "não é por acaso que italianos de todas as épocas se sentiram atraídos pela cidade".

O "crescente universo de empresas" italianas no Porto, os "numerosos acordos de cooperação" entre universidades ou o interesse de turistas e jovens italianos em Eramus que escolhem o Porto contemporizam as ligações históricas entre Itália e a Invicta, afirmadas quer por Sergio Mattarella quer por Rui Moreira. São relações estabelecidas "num passado de colaboração mútua e que se dirigem ao futuro", com o chefe de Estado a lembrar que Itália é o país convidado da primeira Porto Design Biennale, a realizar-se em 2019.

O Presidente italiano evocou ainda "grandes personalidades" como Manoel de Oliveira, "multipremiado em Veneza" e autor de "Viagem ao Princípio do Mundo", o último filme de Marcelo Mastroianni; Vasco Graça Moura, condecorado há 20 anos com a Medalha da Cidade de Florença pelas suas traduções de "Vita Nuova" e "A Divina Comédia"; ou Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, nomes contemporâneos da Arquitetura, disciplina onde Itália e Porto mantêm laços estreitos desde Nicolau Nasoni.

No seu discurso de boas-vindas a Sergio Mattarella, Rui Moreira começara precisamente por aludir à "profícua relação" da cidade com a cultura italiana, bastando recordar que "o Porto deve alguns dos seus lugares mais icónicos à genialidade de Nasoni": Clérigos é a referência imediata, mas há também exemplos como os palácios do Freixo, da Bonjóia e de Mateus, a Igreja da Misericórdia ou o Paço Episcopal, erguidos com intervenção do artista italiano ou sob a sua influência.

O autarca lembrou também que "aqui viveu e morreu Carlos Alberto da Sardenha", a quem o Porto "ainda hoje presta homenagem na toponímia da Praça com o seu nome, no Teatro Carlos Alberto, na Capela do seu memorial nos Jardins do Palácio de Cristal e no Museu Romântico - Quinta da Macieirinha onde passou os seus últimos dias".

São, como disse, "apenas dois exemplos históricos de como a presença de Itália se faz notar entre nós". 

Ou seja, italianos e portuenses têm "uma relação viva e duradoura" e assim "há de continuar a ser", ressaltou o responsável por um Município atento à "importância de beber do exemplo italiano nos mais diversos campos, da cultura ao turismo, da promoção vitivinícola à iniciativa empresarial", mas também ao facto de Itália poder "ser palco de uma maior internacionalização dos nossos produtos e da nossa região".

"Da Cultura, o Executivo a que presido tem feito a matéria-prima que utilizamos na construção de uma nova cidade, mais coesa social e economicamente e mais aberta ao mundo" - sublinhou.

A visita de Sergio Mattarella aos Paços do Concelho encerrou com a assinatura do Livro de Honra do Município. O Chefe de Estado seguiu depois para a Reitoria da Universidade do Porto, onde recebeu o título de Doutor "honoris causa". Tratou-se da homenagem da Universidade "maior do país" e a que "mais estudantes estrangeiros recebe", evidenciara Rui Moreira no seu discurso, manifestando o "muito orgulho" na Academia portuense e no papel desempenhado pela instituição nos domínios da investigação. Conforme disse, é graças à U.Porto e a outros agentes que a cidade atrai hoje a atenção internacional, assumindo-se como polo de atração de pessoas e empresas.

Sergio Mattarella juntou-se, ao início desta tarde, a empresários portugueses e italianos, em almoço oferecido pelo presidente da Câmara do Porto, no Palácio da Bolsa. O Presidente da República de Itália, recorde-se, reservou ao Porto o segundo e último dia da sua visita oficial a Portugal.