Sociedade

Rui Moreira entrega as Chaves da Cidade a Francisco Pinto Balsemão

  • Miguel Nogueira

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O presidente da Câmara Municipal entregou, esta tarde, as Chaves da Cidade a Francisco Pinto Balsemão, numa sessão solene que se realizou no salão nobre dos Paços do Concelho. Com "profundo respeito, grande admiração e sentida gratidão", Rui Moreira reconheceu no fundador do Jornal Expresso e presidente do grupo Impresa "um verdadeiro senador da democracia portuguesa".

"Trata-se de uma das figuras mais consideradas no nosso país, fruto da sua decisiva ação política na consolidação democrática e do seu amplo sucesso empresarial", "foi sempre um lutador incansável por aquilo em que acreditava e de arrostar com as consequências do seu inconformismo" e porque a Pinto Balsemão "devemos ações e medidas que tornaram Portugal um país mais democrático, próspero e justo (entre outras, uma revisão constitucional, em 1982, que representaria a libertação da sociedade portuguesa face ao poder militar corporizado pelo Conselho da Revolução)", sublinhou o presidente da Câmara.

Não esquecendo o papel desempenhado, enquanto deputado eleito pelo Porto – "foi um dos grandes impulsionadores do visionário projeto de navegabilidade do rio Douro", disse – Rui Moreira sublinhou que "uma cidade que tanto lutou pela liberdade e que muito preza os valores do liberalismo, como o Porto, não podia perder esta oportunidade de homenagear" Pinto Balsemão. "Não podia deixar de reconhecer o seu decisivo contributo para uma sociedade verdadeiramente livre e emancipada em Portugal", acentuou.

"Passa a ser um de nós – um cidadão do Porto"

O 50.º aniversário do semanário Expresso e a inauguração, na cidade, da exposição alusiva à data foi aproveitada para Rui Moreira, em representação dos cidadãos do Porto, atribuir o mais alto galardão municipal ao fundador do maior semanário português. "Com a entrega das Chaves da Cidade, o Município do Porto está a distinguir um político corajoso mas clarividente, um empresário audaz mas consciencioso, um homem frontal mas humanista", justificou o presidente da Câmara, assegurando: "A partir deste dia, tem as chaves da nossa cidade. Passa a ser um de nós – um cidadão do Porto".

"Pertencemos a esta cidade (…) como uma roupa que nos veste por dentro, como uma pele imemorial em que o tempo conta muito e não conta nada", acrescentou Rui Moreira, citando Miguel Veiga, amigo de ambos.

E concluiu o autarca portuense: "Pinto Balsemão é a figura que melhor representa em Portugal a liberdade de imprensa. Por isso, esta condecoração é também um tributo ao exercício livre do jornalismo, que conheceu aqui, na cidade do Porto, um forte impulso com a Revolução de 1820".

"O Porto é uma grande cidade", afirma Pinto Balsemão

"Recebo estas Chaves da Cidade com emoção e com gratidão, valorizadas por me serem entregues pelo Presidente Rui Moreira, pessoa interessante e interessada, com quem tenho mantido boas relações profissionais e pessoais, embora nem sempre estejamos de acordo, como é natural e desejável", começou por afirmar o homenageado.

Emoção, porque, nas palavras de Pinto Balsemão, "a Câmara Municipal do Porto obrigou-me a recordar bons e velhos amigos, muitos dos quais infelizmente já desaparecidos, que me ensinaram a conhecer o Porto, a tentar compreender e entender as suas gentes e, sobretudo, a gostar do Porto, de vir ao Porto, de estar no Porto".

O chairman do grupo Impresa optou por referir apenas dois: Miguel Veiga e Francisco Sá Carneiro. O primeiro "foi o meu anfitrião, abriu-me as portas da sua casa, levou-me a locais, a monumentos e a paisagens que eu não conhecia, apresentou-me a pessoas que eu também não conhecia ou conhecia mal e se tornaram pontos de referência para a vida. Um deles, que aqui está hoje, foi Artur Santos Silva", lembrou.

Já sobre Sá Carneiro recordou os tempos da Assembleia Nacional, "quando nos sentámos, como companheiros de carteira, no hemiciclo de São Bento. Apresentámos os dois uma proposta de lei de Imprensa que foi chumbada e colaborámos noutras iniciativas da depois chamada Ala Liberal, que foram todas rejeitadas".

Este é, segundo Pinto Balsemão, "um grande e relevante momento da minha vida. O Porto não é apenas uma cidade grande. O Porto é uma grande cidade, com tudo o que uma grande cidade significa, não só nos monumentos e naquilo que vai criando para os viver, melhorar e desfrutar, como é o caso de Serralves, em cujo arranque também estive envolvido, mas também na beleza das paisagens, no namoro com o Douro".

"O Porto é uma grande cidade, pela hospitalidade, pelos afetos, pela maneira como são recebidos e tratados todos os que, como eu, admiram o Porto, se sentem em casa no Porto, são sempre afetuosamente recebidos e amistosamente tratados quando cá vêm. E querem sempre voltar", concluiu.