Política

Rui Moreira reflete na TSF sobre o futuro do poder

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Como será exercido o poder daqui a 30 anos? Que desafios se colocam à gestão autárquica num futuro que se quer descentralizado? E o sonho europeu como se cumpre? Estas e outras questões marcaram a reflexão do presidente da Câmara do Porto na emissão especial que, neste dia de celebração do 30.º aniversário da TSF, está a decorrer a partir da Praça da Estação de Metro da Trindade. A conversa foi também feita com o homólogo de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, e tocou ainda o tema do perigo do populismo para a democracia.

A TSF, emissora de rádio que está de parabéns pelos seus 30 anos, veio até ao Porto fazer uma emissão especial que se iniciou às 8 horas e se prolonga até às 23 horas. Assentou arrais na Trindade, num dia em que a chuva não está a dar tréguas ao país, e convidou para a sua rubrica Almoço TSF os dois presidentes de Câmara que têm liderado a discussão do processo de descentralização pela Área Metropolitana do Porto.

Numa conversa conduzida pelo jornalista Nuno Domingues, Rui Moreira deu a sua visão sobre o que imagina será o futuro do poder. Atualmente, o autarca considera que os cidadãos votam porque esperam que os eleitos "possam influenciar o rumo das coisas". Mas, na realidade, e assim espera que não aconteça no futuro, ante a ideia generalizada de que "a gestão autárquica tem recursos suficientes", certo é que "no quadro do país centralista que somos, o poder local não tem o poder que deveria ter", constata.

No plano europeu, o presidente da Câmara do Porto é perentório em afirmar que "se queremos ter uma Europa única, vamos ter de ter uma Europa das cidades", querendo com isto dizer que o papel interventivo das autarquias na construção de um desígnio europeu comum é fundamental.

Por seu turno, Eduardo Vítor Rodrigues identificou o carisma como conceito complementar ao exercício do poder e concluiu que encontra essa característica no presidente da Câmara do Porto: "o carisma acrescenta poder ao poder formal e Rui Moreira tem-no". Aliás, acrescentou ainda a essa observação que o carisma do presidente da Câmara do Porto tem ajudado a ultrapassar certos "determinismos legais", permitindo "alavancar decisões" (referindo-se, em concreto, à força negocial que tem demonstrado no processo de descentralização).

Sobre o sentido de voto dos cidadãos, Rui Moreira entende que o mesmo depende da eleição em questão, sendo que, dentro desse leque, as eleições autárquicas são aquelas em que mais se "faz a escolha pelas pessoas". Questionado sobre se pode essa perceção derivar em populismo, o edil observou que não vê que isso aconteça "por culpa do carisma", até porque, na sua opinião, o que contribui para o populismo é o facto das "pessoas pensarem que a sua opinião não é valorizada".

Assim, até considera Rui Moreira que, para um futuro europeu mais auspicioso e coeso, "faz falta um rosto", porque "a democracia sem rosto é muito perigosa". Neste sentido, exemplifica que há políticos, como o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que "têm enorme carisma e que são fortes opositores do populismo".

Já o presidente do Conselho Metropolitano do Porto não nega que "o populismo também advém de partidos que começam a ter causas que correspondem à insatisfação das pessoas", mas que são apropriadas de maneira errada. 

A rematar esta participação na celebração dos 30 anos da TSF, Rui Moreira disse esperar que os partidos se ajustem aos novos tempos, até porque, já o disse várias vezes, são eles o sal da democracia.