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Histórias da Cidade: Uma pequena praça que já teve muitos nomes

  • Paulo Alexandre Neves

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Guilherme Costa Oliveira

Deve o seu nome atual em homenagem a Carlos Alberto, rei do Piemonte e da Sardenha. O monarca italiano foi destronado em 1849 e foi na cidade do Porto que procurou refúgio, mais propriamente no Palacete dos Viscondes de Balsemão (cuja origem remonta ao séc. XVIII), situado numa praça, que não era muito grande, mas que se tornou, ao longo dos tempos, icónica para os portuenses e que, como muitos outros sítios da cidade, já teve vários nomes.

Esta praça resultou da ramificação das estradas que atravessavam a Porta do Olival das Muralhas Fernandinas e se dirigiam para Braga, pela atual Rua de Cedofeita, e Guimarães, pela atual Rua das Oliveiras.

Inicialmente conhecida como "Largo dos Ferradores" (de acordo com a mais antiga referência, em documento, datado de 1638, mediante um registo paroquial da freguesia de Santo Ildefonso) - ali paravam e aprontavam-se as montadas para as longas caminhadas e local também local onde se fixaram algumas estalagens – mais tarde passou a ser conhecida como “Feira das Caixas” (era aqui que se faziam as caixas para as bagagens dos emigrantes que partiam para o Brasil).

Posteriormente ainda foi conhecida como “Feira dos criados de lavoura e das criadas de servir”. Era aqui que se juntavam os moços e as moças para encontrarem os futuros patrões, ajustando as condições de trabalho. Esta feira acabou por ser transferida para a Rotunda da Boavista, em 1876.

Uma forma triangular com muita história

A praça possui uma forma triangular, nela se situando importantes monumentos, como o edifício do Hospital do Carmo, pertencente à Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Este edifício teve o seu início de construção em 1791, sendo inaugurado a 8 de fevereiro de 1800.

O palacete setecentista dos Viscondes de Balsemão é outro dos edifícios emblemáticos ali existentes. Pertencente à Câmara Municipal do Porto foi no século XIX, no antigo Largo dos Ferradores, a chamada Hospedaria do Peixe. Mais tarde, como já referido, foi a primeira residência de Carlos Alberto da Sardenha.

Foi também desta praça que partiu, em agosto de 1874, o primeiro "carro americano" do Porto, da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), na carreira para Cadouços, na Foz do Douro.

A 9 de abril de 1928 foi inaugurado o "Monumento aos Mortos da Grande Guerra", da autoria de Henrique Moreira, que evoca a memória dos soldados que perderam a vida na Primeira Grande Guerra (1914-1918), na qual Portugal participou.

Mas foi no dia 14 de maio de 1958 que a Praça teve um dos seus episódios memoráveis. Segundo descrições da época, cerca de 200 mil pessoas participaram no comício de Humberto Delgado, general "sem medo" e candidato à presidência da República, que discursou a partir da varanda do Café Luso. Terá sido a maior concentração de pessoas observada na praça.