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Presidente da Câmara recebe manifesto dos jornalistas do JN

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O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recebeu hoje das mãos de alguns jornalistas do Jornal de Notícias um manifesto, onde, entre outros assuntos, expõem as suas preocupações e alertam para as consequências da intenção da atual administração da Global Media avançar para um despedimento coletivo.

Recorde-se, que na última reunião pública, todo o Executivo municipal mostrou-se solidário com os trabalhadores do JN. "Não posso deixar de manifestar a minha surpresa por despedirem jornalistas do título que sempre deu dinheiro ao grupo, do título que é líder de audiências em vários segmentos, do título que sempre fez história no Porto, na região e no país", partilhou, então, o presidente da Câmara, que trouxe o assunto ao período antes da ordem do dia.

Lembrando como "jornais como o JN olham o país e o mundo a partir do Porto", Rui Moreira acredita que "o local do farol não é indiferente. Não é apenas a luz, é o local do farol" que mostra a sua importância.

Durante a reunião pública, todas as forças políticas mostraram-se preocupadas e solidárias com a situação dos trabalhadores do Jornal de Notícias, que, nos últimos dias, foram informados pela administração da empresa da decisão de avançar para um despedimento coletivo que deverá afetar quatro dezenas de pessoas.

"O que está a acontecer ao JN merece reflexão"

Entretanto, esta quinta-feira, um grupo de cerca de meia centena de trabalhadores do JN manifestou-se em frente à Câmara Municipal de Porto, onde decorreu a reunião do Conselho de Ministros. Os trabalhadores do periódico percorreram as ruas da cidade desde "a torre do JN", onde aquele diário funcionou até alguns meses, até à Avenida dos Aliados, onde se concentraram e receberam o apoio do presidente da Câmara Municipal, que que fez questão de cumprimentar os cerca de 50 trabalhadores do jornal.

Rui Moreira alertou hoje que o Jornal de Noticias é o "último bastião da liberdade informativa" na região e defendeu que o financiamento da comunicação social "tem que ser revisto".

"O JN é o último grande jornal do Porto, um jornal não é apenas uma coisa em papel, que a gente compra, é a liberdade de escrutínio, de informação, não nos podemos esquecer que no início do séculos o Porto tinha três jornais: o Comércio do Porto, o Primeiro de Janeiro e o JN", salientou.

Rui Moreira defendeu que o que está a acontecer com o JN merece reflexão: "Eu tenho vindo a insistir que o financiamento da comunicação social tem que ser revisto (…) Numa cidade como o Porto (…) o serviço que os jornalistas prestam não pode ser quantificado em termos de vendas e isso está especificado no próprio entendimento do que é o jornalismo".

Para o autarca, "a informação é um valor, não é um valor intangível, é tangível que se tem que proteger". "Faz-me a maior das impressões que nós não possamos apoiar o JN nesta altura. Eu gostaria que se encontrassem formas dos municípios poderem ajudar sem estarem agarrados às teias da contratação pública, poderem ajudar nisto", frisou.

"É uma boa altura para que as forças políticas definam por uma vez que aquilo que é o jornalismo não possa ser quantificado em função das vendas e daquilo que é a capacidade que os jornais possam ter de atrair publicidade", acrescentou Rui Moreira.

Nesta ação participaram também as vereadoras da CDU, Ilda Figueiredo, e do BE, Maria Manuel Rola.