"Ser cosmopolita é sermos nós próprios, mas conseguir interessar os outros"
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Rui Moreira participou hoje no painel de abertura de um ciclo de debates promovido pelo semanário Expresso, que visa pôr grandes personalidades da vida portuguesa a pensar o país. Com o presidente da Câmara do Porto estiveram Jaime Nogueira Pinto e Rui Massena, num debate moderado pelo diretor do Expresso, Ricardo Costa e patrocinado pelo Deutsche Bank.
Intitulada "Pensar o país com música de fundo", a conferência de abertura decorreu na Casa da Música, no Porto, com Rui Moreira, Jaime Nogueira Pinto e Rui Massena a porem-se de acordo quanto à necessidade das cidades e do país olharem para a cultura como elemento identitário fundamental, com o autarca a lembrar o que muitas vezes disse na sua campanha eleitoral: "A cultura é o elemento que liga os outros pilares da nossa governação: a coesão social e a economia e emprego", acrescentando que "a cultura é, também, ela própria, um fator de desenvolvimento e de emprego".
Rui Moreira disse ainda que "ser cosmopolita não é imitar o que os outros fazem lá fora. Ser cosmopolita é sermos nós próprios, mas conseguir ainda assim interessar os outros", recusando que as cidades se devam descaracterizar em função da necessidade de se internacionalizarem. "Há quem julgue que ser cosmopolita é ter muitos MacDonalds. Eu até gosto muito das batatas fritas, mas não é isso que nos torna cosmopolitas", adiantou, acrescentando que "a agenda cultural de uma cidade é hoje fator de distinção turística e de desenvolvimento económico".
Jaime Nogueira Pinto concordou com Rui Moreira, afirmando que "a maioria dos políticos não tem qualquer conhecimento cultural nem percebe a História, o que é muito preocupante". O maestro Rui Massena explicou que a criatividade consiste no ato e na coragem de provocar fraturas e mostrou-se também de acordo com a ideia de que é necessário investir na cultura: "sejamos sinceros, a cultura não sobrevive sem subsídio em parte nenhum. A cultura precisa de investimento público".
Também o mecenato e os modelos utilizados noutros países e com pouco sucesso em Portugal estiveram na mira dos intervenientes, com Jaime Nogueira Pinto a explicar as razões pelas quais em países como a Inglaterra ou os "Países Baixos" as empresas investem muito mais no apoio cultural.